Restrições aumentam para conter segunda onda de covid-19 na Europa
Atenas, 7 Nov 2020 (AFP) - Calma incomum nas ruas da Grécia mais uma vez confinada, cinemas e teatros fechados na Polônia: as restrições estão aumentando na Europa diante da segunda onda da pandemia de covid-19, que continua batendo recordes de contaminação.
A Grécia acordou em um segundo confinamento, como a França, Inglaterra, Irlanda e partes da Itália antes dela. A principal rua comercial de Atenas, muito movimentada no dia anterior, estava deserta, com funcionários municipais desinfetando as praças vazias.
A cada saída, os gregos devem obter autorização das autoridades, por SMS. Os bloqueios de estradas verificam as autorizações especiais necessárias para viajar. A multa para quem não usa máscara dobrou para 300 euros.
O confinamento, que poupa supermercados, mercearias, postos de gasolina, lavanderias e pet shops, mas também creches e escolas primárias, deve durar três semanas.
Com muita atividade, os salões de beleza permanecem abertos neste fim de semana para atender à enorme demanda por cortes e colorações.
"Quero meu cabelo arrumado para que o que vejo no espelho todas as manhãs durante o confinamento não me cause tristeza", disse Petrina, de quarenta e poucos anos, à AFP.
Antes dessa paralisação, mais de 70 mil carros deixaram a capital na sexta-feira provocando congestionamentos, segundo a polícia.
De acordo com uma contagem feita pela AFP a partir de fontes oficiais, a pandemia matou mais de 300.000 pessoas no continente europeu, em mais de 12 milhões de infecções. É a segunda região com mais óbitos do mundo, atrás da América Latina e do Caribe (mais de 410.000 mortes).
Novas restrições entraram em vigor neste sábado na Polônia, que registra meio milhão de casos: cinemas, teatros, instituições culturais estão fechados. Nos shopping centers, apenas as lojas consideradas essenciais estão abertas. Os alunos do ensino fundamental passarão a partir de segunda-feira ao ensino à distância.
"Estamos cansados da covid, das restrições cada vez mais rígidas", lamenta Anna Piotrowska, uma arquiteta de 35 anos. "As decisões do governo são um pouco caóticas, não sabemos o que esperar e então há cada vez mais pessoas doentes e mortas".
Os confinamentos decretados em toda a Europa para conter essa nova onda, apesar de menos rígidos do que na primavera, são menos aceitos.
Na Alemanha, milhares de opositores ao uso da máscara e às novas medidas restritivas se reunirão esta tarde em Leipzig, na ex-RDA. A polícia mobilizou um importante dispositivo por medo de possíveis excessos, enquanto contra manifestantes também planejam se mobilizar.
Visons na mira
Na sexta-feira, foi a Itália que confinou 16 milhões de habitantes nas quatro regiões mais gravemente afetadas pela epidemia. Toda a península está sob toque de recolher entre 22h00 e 5h00.
Para ajudar as famílias e setores afetados, o governo decidiu durante a noite de sexta a sábado liberar medidas financeiras: bônus 'babá', fundo de apoio às lojas, entre outros.
No Irã, país mais afetado no Oriente Médio, o governo resolveu impor novas restrições: shoppings, cinemas e quadras esportivas deverão fechar às 18h em algumas cidades.
No plano científico, surgiram preocupações após a descoberta em doze pessoas na Dinamarca de uma versão do SARS-Cov-2 que sofreu mutação transmissível a humanos em fazendas de visons. Por precaução, o Reino Unido anunciou neste sábado que fechará suas fronteiras aos viajantes deste país.
A mutação de um vírus é normal e muitas vezes inofensiva, de acordo com a comunidade científica. Mas no caso dessa cepa, chamada de "Cluster 5", implica, segundo os primeiros estudos, uma menor eficiência dos anticorpos humanos, o que ameaça o desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19.
Seis países - Dinamarca, Holanda, Espanha, Suécia, Itália e Estados Unidos - relataram casos de covid-19 em criações de visons à OMS. Todos os visons criados na Dinamarca - 15 a 17 milhões de animais - serão abatidos.
A covid-19 já matou pelo menos 1.243.513 pessoas em todo o mundo e oficialmente infectou mais de 49,3 milhões de pessoas desde o início da pandemia, de acordo com contagem da AFP no sábado a partir de fontes oficiais.
Aumento de casos nos Estados Unidos
A epidemia está explodindo nos Estados Unidos, de longe o país mais afetado do mundo, com 236.099 mortes pelo novo coronavírus.
Um total de 127.021 novos casos positivos de covid-19 em 24 horas foi identificado na sexta-feira, o terceiro recorde diário consecutivo, de acordo com a Universidade Johns Hopkins.
Bem posicionado para ganhar a Casa Branca, o candidato democrata Joe Biden prometeu na sexta-feira à noite implementar desde o "primeiro dia" de sua presidência seu plano de ação contra o vírus.
"Não será possível salvar as vidas perdidas, mas salvará vidas nos próximos meses", disse ele.
De acordo com a mídia norte-americana, o chefe de gabinete do presidente Donald Trump, Mark Meadows, de 61 anos, testou positivo para o coronavírus, somando-se aos doze altos funcionários da Casa Branca infectados desde o início de outubro.
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