Presidente eleito dos EUA, Joe Biden, anuncia amplo plano de vacinação
O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, se prepara para anunciar nesta sexta-feira (15) um amplo e ambicioso plano de vacinação e aproveitar para chamar a atenção para sua agenda em vez do impeachment de Donald Trump.
Biden já afirmou que deseja que 100 milhões de americanos recebam uma dose da vacina contra a covid-19 durante seus primeiros 100 dias no cargo, uma meta ambiciosa que exigirá uma boa aceleração do atual ritmo de distribuição.
"As vacinas oferecem muita esperança", disse o democrata de 78 anos na noite de quinta-feira, quando anunciou um estímulo financeiro de 1,9 trilhão de dólares. "Mas a distribuição da vacina nos Estados Unidos foi um triste fracasso até agora", acrescentou.
Na manhã de quinta-feira, dados oficiais indicavam que os estados haviam recebido 30 milhões de doses, das quais 11,1 milhões já haviam sido aplicadas, bem abaixo da meta de Trump de vacinar 20 milhões de pessoas até o fim do ano passado.
O discurso de Biden na tarde desta sexta de seu reduto, em Wilmington, Delaware, ocorrerá à sombra do impeachment do presidente Trump, acusado de incitar uma insurreição após o violento ataque ao Capitólio em 6 de janeiro.
Esta situação apenas adiciona drama político e potencial para complicações de agenda para o presidente que assumirá o cargo em 20 de janeiro.
Mais de 380.000 pessoas morreram nos Estados Unidos como consequência da covid-19, um número que pode muito bem já ter ultrapassado 400.000 quando Biden for empossado.
E a perspectiva não é de melhora rápida, já que a variante B.1.1.7 do vírus, produto de uma mutação, deve se tornar em março a cepa dominante, segundo modelos do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
O CDC relatou que a variante, que surgiu primeiro no Reino Unido e cresceu de forma exponencial lá, pode sobrecarregar hospitais já em situação difícil, exigir medidas de saúde pública mais rígidas e aumentar a porcentagem da população necessária para atingir a imunidade de rebanho.
Simplificar
O pacote de estímulo econômico proposto destina 20 bilhões de dólares para a distribuição da vacina e outros US$ 50 bilhões para a realização de testes.
"Entendemos a gravidade da situação", disse Celine Gounder, especialista em doenças transmissíveis e integrante da força-tarefa de Biden para o coronavírus, durante uma transmissão ao vivo da Universidade Johns Hopkins na quinta-feira.
"Estamos lidando com cerca de 4.000 mortes de americanos por coronavírus por dia. Isso é mais do que o número de pessoas que morreram em 11 de setembro de 2001, todos os dias."
Os especialistas dão crédito ao governo Trump pelo desenvolvimento da Operação Warp Speed (OWS) que ajudou a desenvolver vacinas contra a covid-19 em tempo recorde, mas dizem que não houve planejamento adequado para a "reta final" e a campanha de vacinação teve um início problemático.
Também houve grandes diferenças no ritmo de distribuição de cada estado, e alguns deles foram criticados por serem muito burocráticos no começo, o que tornou tudo mais lento e fez com que algumas doses vencessem.
Gounder deu algumas dicas sobre as mudanças que estão por vir. "As recomendações dos fabricantes de vacinas têm sido muito complexas de implementar na prática", explicou ela.
"Então, essencialmente, temos que tornar as coisas mais simples, seja simplificando a cadeia de suprimentos, como eu disse, ou simplificando a classificação de quem deve ser vacinado."
Biden também deve anunciar algumas mudanças de pessoal, recrutando o ex-chefe da FDA, a agência de controle de alimentos e medicamentos, David Kessler, para liderar a OWS, substituindo o cientista e ex-executivo farmacêutico, Dr. Moncef Slaoui.
O governo de Trump já se mobilizou para distribuir a segunda dose das vacinas da Pfizer/BioNtech e da Moderna que estava armazenadas como reserva e recomenda que os estados imunizem todos os cidadãos acima dos 65 anos.
Embora a distribuição a nível estadual tenha sido o gargalo nas primeiras semanas, o fornecimento de doses também está se tornando um problema.
O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, alertou na quarta-feira que a cidade não cumprirá suas metas de vacinação se não receber doses adicionais em breve.
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