No 1º dia de julgamento de Trump, republicanos dão indícios de que ex-presidente será absolvido
O segundo julgamento de impeachment de Donald Trump começou nesta terça-feira (9) com um impactante vídeo do ataque de seus apoiadores ao Congresso, mas os senadores republicanos deixaram claro como será difícil condenar o ex-presidente.
As imagens da turba de partidários de Trump invadindo o Capitólio deixaram chocados os senadores no início dos procedimentos.
No final do dia, o Senado votou 56-44 a favor da constitucionalidade do julgamento histórico, rejeitando uma proposta da defesa de Trump para suspender o procedimento sob o argumento de que um ex-presidente não poderia ser julgado após deixar o cargo.
Na votação, realizada antes do início da parte principal do julgamento, seis republicanos se juntaram a 50 democratas em um Senado dividido.
O resultado destacou como será difícil obter a maioria de dois terços necessária para condenar Trump por "incitação à insurreição" na invasão do Capitólio em 6 de janeiro.
Trump, que está na Flórida após deixar a Casa Branca em 20 de janeiro, não comparecerá para testemunhar. É muito provável que acabe sendo absolvido pela Câmara Alta, como ocorreu há um ano.
"Fatos claros e sólidos"
Mas os democratas pareciam determinados a lembrar aos 100 senadores que atuam como jurados no processo, e a todos os americanos, a violência da invasão de 6 de janeiro, que deixou cinco mortos e entrará para a História.
A acusação contra o 45º presidente dos Estados Unidos é baseada em "fatos claros e sólidos", disse o congressista democrata que está liderando a acusação, Jamie Raskin, no mesmo recinto do Senado que foi atacado violentamente pelos manifestantes pró-Trump.
Esse julgamento é "uma instrumentalização política do processo de acusação" e "dividirá" os Estados Unidos, argumentou um dos advogados do ex-presidente, David Schoen, pois "muitos americanos veem do que realmente se trata: uma tentativa de um grupo de políticos de manter Donald Trump fora da política".
Por trás desse processo está o "medo" de que os americanos o elejam novamente em 2024, apontou seu outro advogado, Bruce Castor.
"Amamos vocês"
Durante vários minutos, sem fazer comentários, Raskin transmitiu um vídeo colocando em perspectiva as sequências que ilustram o atentado à sede do Congresso dos Estados Unidos:
- O discurso de Trump chamando seus milhares de seguidores reunidos em frente à Casa Branca para se manifestarem "de maneira pacífica e patriótica" em direção ao Capitólio. "Nunca recuperarão nosso país sendo fracos", declarou o então presidente à multidão.
- A abertura solene das sessões legislativas para certificar a vitória de Joe Biden, rival de Trump nas eleições de novembro.
- E os manifestantes rompendo cercos policiais e entrando no Capitólio, vagando pelos corredores em busca de congressistas odiados, enquanto representantes, senadores e o vice-presidente Mike Pence eram evacuados do Senado ou se escondiam nas galerias da Câmara dos Representantes.
Raskin também lembrou que duas horas após o ataque, Trump tuitou um vídeo no qual dizia que as eleições foram uma "fraude" e, embora tenha pedido aos manifestantes que voltassem para casa, acrescentou: "Amamos vocês".
Se estes acontecimentos "não são passíveis de acusação, então nada é", concluiu, num discurso emocionado em que apontou a "dimensão pessoal" do ocorrido para ele.
O legislador, de luto pelo suicídio de seu filho devido à depressão no final do ano, foi ao Congresso em 6 de janeiro com dois de seus familiares e eles foram separados em meio ao caos.
Um processo constitucional
Em uma situação sem precedentes, os senadores que atuam como jurados também foram testemunhas e vítimas do ataque, algo que foi enfatizado pelos democratas.
"Os presidentes não podem inflamar uma insurgência em suas últimas semanas (no cargo) e depois sair como de costume", disse Joe Neguse, outro dos "promotores".
Para os advogados de Trump, é "absurdo e inconstitucional realizar um julgamento político de um cidadão comum", uma alegação que foi repetida por muitos legisladores republicanos.
Esse debate jurídico foi resolvido por maioria simples. Além dos 50 democratas, seis senadores republicanos consideraram o processo constitucional: Bill Cassidy, Lisa Murkowski, Susan Collins, Lisa Murkowski, Mitt Romney, Ben Sasse e Pat Toomey.
Conseguir mais 67 votos para condená-lo não será fácil. E mesmo se Trump fosse condenado, uma votação de maioria simples seria necessária para desqualificá-lo para voltar a disputar a presidência.
Biden de fora
O julgamento será retomado ao meio-dia desta quarta-feira (14h no horário de Brasília), com a apresentação dos fatos, cada parte dispondo de 16 horas para apresentar seu caso.
Esta é a primeira vez que um ex-presidente dos Estados Unidos sofre um impeachment após deixar o cargo.
Além disso, em 13 de janeiro, Trump se tornou o primeiro inquilino da Casa Branca a ser indiciado duas vezes na Câmara dos Representantes, após o impeachment em 2019 por pressionar a Ucrânia a prejudicar seu então rival Biden, um processo no qual foi absolvido em 5 de fevereiro de 2020.
Biden tem se mantido distante do procedimento, dizendo apenas que tem uma função e o Senado, outra.
O presidente "não vai comentar sobre os argumentos, nem está olhando para eles", disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, a repórteres nesta terça.
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