Sete anos depois, 100 'meninas de Chibok' continuam desaparecidas na Nigéria
Sete anos depois de seu sequestro pelo Boko Haram, o destino de cerca de 100 adolescentes da escola de ensino médio de Chibok continua incerto na Nigéria, recordou a AI (Anistia Internacional) hoje.
Outros sequestros em grande escala foram cometidos no norte da Nigéria desde o de Chibok, o que causou o fechamento de centenas de escolas em uma região cujo índice de matrículas já é muito baixo, ressaltou a organização.
Um total de 276 meninas foram sequestradas em 14 de abril de 2014 em seu internato de Chibok, 57 das quais conseguiram fugir pouco depois.
Desde então, 107 meninas foram encontradas, libertadas, ou fugiram depois das negociações do governo com o Boko Haram.
Esse sequestro em massa se tornou o símbolo dos abusos cometidos pelo grupo extremista, que deixou 20 mil mortos e 2,6 milhões de deslocados no nordeste do país desde 2009.
"Embora muitas tenham conseguido escapar ou tenham sido libertadas, cerca de 100 permanecem em cativeiro", assegurou a AI em um comunicado.
Em agosto de 2016, o Boko Haram divulgou um vídeo mostrando cerca de 50 prisioneiras. Um homem armado e usando uma máscara declarou que "várias delas estão mortas como resultado de um bombardeio aéreo".
Desde dezembro aconteceram pelo menos cinco sequestros de estudantes no norte da Nigéria. Como consequência, cerca de 600 escolas fecharam, lamentou a ONG.
"O que quer que as autoridades estejam fazendo para combater essa onda, não está funcionando", disse Osai Ojigho, diretor da Anistia Internacional para a Nigéria.
Além disso, com o fechamento das escolas, muitas jovens foram forçadas a se casar.
"Como muitas de minhas amigas foram sequestradas, meus pais decidiram me oferecer em casamento, para minha própria segurança", contou uma estudante de 16 anos à AI.
De acordo com o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), cerca de 10,5 milhões de crianças entre 5 e 14 anos não frequentam a escola na Nigéria.
"O fracasso das autoridades nigerianas em proteger as crianças em idade escolar dos recentes ataques mostra claramente que nenhuma lição foi aprendida com a tragédia de Chibok", comentou Ojigho.
"As autoridades nigerianas correm o risco de serem responsáveis por uma geração perdida", conclui o diretor da AI Nigéria.
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