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Rússia pede ajuda a França e Alemanha para frear 'provocações' da Ucrânia

Arquivo - Kremlin disse esperar que Macron e Merkel (foto) usem sua "influência" sobre Zelenski - Tobias SCHWARZ / AFP PHOTO
Arquivo - Kremlin disse esperar que Macron e Merkel (foto) usem sua "influência" sobre Zelenski Imagem: Tobias SCHWARZ / AFP PHOTO

Em Paris

16/04/2021 08h28Atualizada em 16/04/2021 11h25

Moscou pediu a Emmanuel Macron e Angela Merkel, hoje, que pressionem o ucraniano Volodymyr Zelensky, com quem vão se reunir hoje, para impedir as "provocações" de Kiev no leste do país.

Recebido no início da tarde pelo presidente francês no Palácio do Eliseu antes de uma videoconferência trilateral com a chanceler alemã, Zelensky pede um maior apoio dos europeus em face da concentração de tropas russas na fronteira da Ucrânia.

"Seria muito importante para nós que Macron e Merkel usassem sua influência durante esta videoconferência (...) para lhe explicar a possibilidade de uma cessação definitiva de todas as provocações", afirmou o porta-voz da Presidência russa, Dmitry Peskov.

Há várias semanas, os confrontos se multiplicam entre Kiev e os separatistas pró-russos no Donbass (leste da Ucrânia), enquanto dezenas de milhares de soldados russos foram posicionados nas proximidades. Esta movimentação aumenta o temor de uma operação militar em grande escala.

O Ocidente advertiu a Rússia contra essas demonstrações de força e pediu a Moscou que "diminuísse a escalada".

Neste contexto, sete anos após a anexação da Crimeia pela Rússia e enquanto o conflito segue sem solução no Donbass, o presidente ucraniano pede veementemente a adesão do seu país à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e à União Europeia (UE).

"Não podemos ficar indefinidamente na sala de espera da UE e da Otan", disse Volodymyr Zelensky em uma entrevista ao jornal francês Le Figaro.

"Viver juntos"

"Se pertencemos à mesma família, devemos viver juntos. Não podemos sair juntos para sempre, como eternos namorados. Devemos legalizar nossa relação", insistiu.

A adesão à Otan parece remota, porém, em vista da feroz hostilidade da Rússia a tal cenário e da relutância de vários Estados-membros da Aliança, incluindo França, por medo de provocar Moscou.

Quanto à entrada na UE, permanece hipotética.

"Podemos apoiar a Ucrânia (...) mas isso não significa adesão, não é uma perspectiva séria", afirmou o secretário de Estado francês para os Assuntos Europeus, Clément Beaune.

Mediadores no diálogo quadripartite com Rússia e Ucrânia (denominado "formato Normandia"), Paris e Berlim pretendem "cumprir seu papel" para salvaguardar o cessar-fogo e relançar o processo político, explica o Eliseu.

"Todo trabalho que estamos fazendo é para evitar escaladas, para reduzir as tensões", sublinhou a Presidência francesa.

As tensões em torno da Ucrânia aumentam, em meio a uma maior turbulência nas relações entre Estados Unidos e Rússia desde que Joe Biden chegou à Casa Branca em janeiro.

O governo dos EUA anunciou na quinta-feira (15) uma série de duras sanções financeiras contra a Rússia, assim como a expulsão de dez diplomatas russos, o que pode complicar a proposta de Biden de uma cúpula com Vladimir Putin.

Já a Rússia anunciou, nesta sexta, que limitará a navegação de embarcações estrangeiras em três áreas da Crimeia até outubro.

Uma delas, perto do estreito de Kerch - que liga o Mar Negro ao Mar de Azov -, é de crucial importância para as exportações de grãos e de aço produzidos na Ucrânia.

Os Estados Unidos desistiram de enviar dois navios de guerra esta semana ao Mar Negro, via estreito da Turquia, em meio às tensões entre Ucrânia e Rússia, segundo Ancara.

A probabilidade de a Rússia invadir a Ucrânia nas próximas semanas é de "reduzida a média", estimou na quinta-feira o chefe das forças americanas na Europa, general Tod Wolters.

O porta-voz do Kremlin afirmou, por sua vez, que há "cada vez menos" relatos de violações do cessar-fogo na frente ucraniana, mas que isso não é "motivo para ficarmos totalmente tranquilos".