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Governo britânico nega 'graves acusações' sobre resposta à covid-19

27/05/2021 10h14

O governo britânico negou, nesta quinta-feira (27), as "graves acusações" feitas na véspera por Dominic Cummings, ex-assessor especial do primeiro-ministro conservador Boris Johnson.

Durante uma audiência de sete horas em uma comissão parlamentar, Cummings, ex-braço direito de Johnson, atacou a gestão da covid-19 por parte do governo. Com quase 128.000 mortos, o Reino Unido é o país com o maior número de óbitos na Europa.

O polêmico ex-assessor investiu, especialmente, contra o ministro da Saúde, Matt Hancock, acusando-o de ter "mentido em várias ocasiões, reunião depois reunião" e também "publicamente". Chamou Hancock de incompetente e afirmou que ele deveria ter sido "demitido".

Em sessão na Câmara dos Comuns nesta quinta, Hancock negou ter mentido ao país sobre sua gestão da pandemia e se defendeu no Parlamento das "graves acusações" lançadas por Cummings na véspera.

"As acusações que foram apresentadas ontem são graves, falsas e infundadas", declarou o ministro.

"Sempre fui honesto com as pessoas em público e em privado", declarou Hancock, garantindo que o governo adotou "uma abordagem aberta e transparente, explicando o que sabemos e o que não sabemos".

Cérebro da bem-sucedida campanha do Brexit em 2016 e artífice da vitória esmagadora de Johnson nas eleições legislativas de 2019, Cummings, de 49 anos, também foi implacável em suas críticas ao primeiro-ministro, a quem chamou de "incapaz".

Segundo seu ex-assessor, o líder conservador ignorou os conselhos dos cientistas e demorou a avaliar a gravidade da crise sanitária.

Na quarta-feira (26), Cummings disse que "dezenas de milhares" de mortes poderiam ter sido evitadas, uma afirmação que apareceu na primeira página de vários jornais na manhã desta quinta-feira.

O chefe de Governo também se manifestou nesta quinta-feira, durante visita a um hospital.

"O que aconteceu nos lares para idosos foi trágico, mas fizemos tudo o que pudemos para proteger o serviço de saúde pública, para minimizar a transmissão, com os conhecimentos que tínhamos", declarou Johnson à imprensa.

"No início da pandemia, não sabíamos que o vírus podia se transmitir de forma assintomática, e essa é uma das razões pelas quais tivemos alguns dos problemas que vimos nos lares para idosos", acrescentou.

Seis meses depois de sua demissão, em um contexto de lutas internas, Cummings acusou o governo de não proteger muitos idosos, ao enviá-los dos hospitais de volta para casa sem submetê-los a testes de detecção da covid-19, espalhando, assim, o vírus.

Ele afirmou ainda que Hancock não adquiriu equipamento de proteção suficiente para enfrentar o vírus, nem implementou um programa eficaz de testes de covid-19.

"Ouvir Dominic Cummings confirmar, ontem, que o governo fracassou na proteção dos mais vulneráveis é realmente chocante", comentou a deputada da oposição trabalhista Angela Rayner à BBC, nesta quinta-feira.

Angela pediu também que se antecipe a investigação pública sobre a gestão da pandemia por parte do governo. Até o momento, ela está prevista para 2022.