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Milionário de extrema direita: quem é Naftali Bennett, novo premiê de Israel

13/06/2021 16h26Atualizada em 13/06/2021 20h29

Milionário do setor de tecnologia, Naftali Bennett abriu caminho se posicionando à direita de seu ex-mentor Benjamin Netanyahu e agora se prepara para ocupar seu lugar na estrutura de uma "coalizão de mudança" como novo primeiro-ministro de Israel pelos próximos 18 meses.

Bennett lidera o partido Yamina, que defende o ultraliberalismo econômico, a linha-dura contra o Irã e a anexação de quase dois terços da Cisjordânia ocupada, o que dá a seu partido de direita radical muita popularidade entre os colonos judeus.

O ex-empresário de 49 anos fez fortuna no setor da tecnologia e entrou na política relativamente tarde. Mas, desde 2013, este militante do "nacionalismo religioso" ocupou cinco pastas ministeriais. A última, a da Defesa, em 2020, que o levou a organizar uma grande mobilização do exército para administrar a crise provocada pela pandemia da covid-19.

"Uma imagem feita sob medida para um público [israelense] que busca desesperadamente um substituto legítimo para Netanyahu", disse Evan Gottesman, do Israel Policy Forum.

Há apenas dois anos, era considerado politicamente morto mas, embora nas últimas legislaturas — em março — tenha obtido um resultado medíocre, soube jogar suas cartas nas últimas semanas para acabar se tornando um jogador-chave na formação de uma coalizão governamental.

Até o momento, Bennett alimentava dúvidas sobre suas intenções, sem deixar claro se daria o golpe final em Netanyahu, no poder desde 2009. Antes disso, ele esteve entre 1996 e 1999.

Quipá no poder

Naftali Bennett - Ronen Zvulun/Reuters - Ronen Zvulun/Reuters
Imagem: Ronen Zvulun/Reuters

Sua surpreendente adesão à nova aliança heterogênea que vai de seu partido de direita à esquerda, com o apoio de um partido árabe, foi negociada em grande estilo: o cargo de primeiro-ministro até 2023. O líder do Yamina teve apenas algumas horas para justificar sua decisão.

"Eu sabia que receberia críticas", disse à televisão, enquanto na internet a extrema direita zombava dele mostrando-o com lenços palestinos. "Eu escolhi fazer o que tinha que ser feito para o bem de Israel".

Primeiro chefe de governo na história do país a usar quipá, o novo premiê é casado com Gilat Bennett, confeiteira de formação, e pai de quatro filhos. Ele pratica o judaísmo estrito, embora aberto à modernidade.

Comentários enérgicos

Bennett - Gil Cohen-Magen/AFP - Gil Cohen-Magen/AFP
Imagem: Gil Cohen-Magen/AFP

Filho de imigrantes americanos, nascido em 25 de março de 1972 em Haifa (norte), Bennett se estabeleceu no início dos anos 2000 como um dos queridinhos da "nação start-up", graças à sua empresa de segurança cibernética Cyotta, vendida por US$ 145 milhões em 2005, antes de dar o salto para a política no Likud de Netanyahu no ano seguinte.

Dois anos depois, Bennett deixou o Likud para liderar o Conselho de Yesha, o principal grupo de defesa de milhares de colonos israelenses na Cisjordânia ocupada.

Em 2012, ele chocou todo o cenário político israelense ao assumir o controle da formação de extrema direita "Lar Judaico", que seduziu parte dos colonos com comentários enérgicos.

Um exemplo? O conflito com os palestinos não tem solução, mas deve ser suportado como um "disparo de obus no traseiro". Outro: não há ocupação israelense na Cisjordânia, já que "nunca houve um Estado palestino". E ainda: "Você tem que matar os terroristas, não libertá-los", referindo-se aos prisioneiros palestinos.

Este especialista em segurança cibernética, baseado na próspera cidade de Raanana (centro de Israel), também foi ministro da Defesa (2018-2019), prometendo ao Irã fazer um "Vietnã" se continuasse a se estabelecer militarmente na vizinha Síria.