Militares protestam contra suposta 'fraude' eleitoral no Peru
Centenas de militares peruanos reformados e na reserva protestaram nesta terça-feira (22) em uma praça de Lima contra uma suposta "fraude" no segundo turno das eleições presidenciais de 6 de junho no Peru, em linha com as denúncias da candidata de direita Keiko Fujimori.
Embora o governo interino de centro e observadores da OEA tenham garantido que as eleições foram justas, Fujimori e seus partidários insistem em que houve fraude a favor do candidato de esquerda, Pedro Castillo, que está em primeiro lugar na votação final, embora o Júri Nacional Eleitoral (JNE) ainda tenha que decidir as impugnações antes de proclamar o vencedor.
"Queremos a verdade, queremos que o Júri Eleitoral Nacional [...] reveja todos os pedidos que foram feitos nas assembleias de voto", disse o general reformado da Aeronáutica Fernando Ordóñez na manifestação onde foram vistas muitos cartazes contra o comunismo.
"O comunismo não pode entrar neste país. Somos um país que tem muita riqueza, mas existem desigualdades, temos que trabalhar nisso, mas não desta forma", disse à AFP o capitão reformado Jorge del Águila.
Enquanto isso, a embaixada dos Estados Unidos em Lima indicou nesta terça-feira que espera "trabalhar com o novo governo assim que o JNE tiver concluído seu trabalho" e destacou a "colaboração forte e duradoura" bilateral.
"Confiamos nas instituições do Peru", destacou em um tuíte.
"Não queremos golpe"
A filha do ex-presidente preso Alberto Fujimori começou a denunciar a fraude quando Castillo a ultrapassou na lenta contagem, mas não apresentou provas concretas.
"Não queremos um golpe, queremos democracia e isso é o que não está acontecendo atualmente" no Peru, disse à AFP um comandante reformado da Força Aérea, que pediu anonimato.
A manifestação foi convocada nas redes sociais depois que o presidente interino do Peru, Francisco Sagasti, criticou na sexta-feira os apelos de oficiais reformados e da reserva aos chefes das Forças Armadas para impedir que Castillo fosse proclamado vencedor das eleições.
"É inaceitável [...] que um grupo de aposentados das Forças Armadas pretenda incitar o alto comando do Exército, da Marinha e da Força Aérea a violar o Estado de Direito", disse Sagasti em transmissão de televisão.
As palavras de Sagasti inflamaram muitos militares, que as interpretaram como um apoio velado a Castillo, um professor rural de Cajamarca (norte).
Enquanto o Peru aguarda para saber o vencedor das eleições e os mercados refletem a incerteza política, a chefe da Casa Civil, Violeta Bermúdez, reiterou nesta terça-feira que as eleições foram limpas e que "não há indícios" de fraude.
Ela destacou que é o que afirmam os observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA) "que fiscalizaram as eleições".
A apuração de 100% das assembleias de voto terminou há uma semana e deu a Castillo 50,12%, com 44.000 votos à frente de Fujimori, que obteve 49,87%.
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