Mais de mil soldados afegãos fogem dos talibãs e vão para Tadjiquistão
Após combates com os talibãs, mais de mil soldados afegãos se refugiaram no Tadjiquistão na madrugada desta segunda-feira (5) - anunciou o Comitê de Estado para a Segurança Nacional deste país da Ásia Central.
A fuga dos soldados aconteceu após mais um fim de semana de combates, principalmente no norte do Afeganistão, onde os talibãs assumiram o controle de dezenas de distritos em pouco tempo.
Essa movimentação provoca o temor de um colapso do Exército afegão.
"Não queriam se render. Pediram reforços, mas a solicitação foi ignorada", declarou à AFP Abdul Basir, soldado de um batalhão que tem base na província afegã de Badakhshan, na fronteira com o Tadjiquistão. Alguns militares atravessaram a fronteira.
"Lutaremos até a morte, se o governo nos apoiar", acrescentou, antes de explicar que seu batalhão sofreu grandes perdas em outras ocasiões porque não recebeu o apoio solicitado.
Na sexta-feira (2), as tropas americanas e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que lutam contra os talibãs no Afeganistão há 20 anos, anunciaram que abandonaram sua principal instalação no país, a base aérea de Bagram, centro das operações da coalizão internacional. Esta saída faz parte de sua retirada definitiva prevista para o fim de agosto.
De acordo com um comunicado dos serviços de segurança do Tadjiquistão, citado pela agência pública de notícias Khovar, "1.037 soldados das tropas do governo afegão bateram em retirada para o território do Tadjiquistão para salvarem suas vidas após confrontos armados com os talibãs".
A nota afirma ainda que "os combatentes talibãs assumiram o controle total" de seis distritos da província de Badajshan, no nordeste do Afeganistão, que tem 910 quilômetros de fronteira em comum com o Tadjiquistão.
Várias centenas de soldados afegãos já haviam cruzado a fronteira para fugir da ofensiva dos talibãs no país nas últimas semanas.
O Tadjiquistão permitiu sua entrada, argumentando "o princípio da boa vizinhança e o respeito da posição de não interferência nos assuntos internos do Afeganistão".
Desde o final de junho, os talibãs controlam o posto fronteiriço mais importante na divisa com o Tadjiquistão, os demais pontos de passagem em direção a este país e os distritos que levam à cidade afegã de Kunduz, a cerca de 50 quilômetros.
Os combates se intensificaram em todo país desde que os Estados Unidos começaram, em 1º de maio, a retirada final de seus 2.500 soldados ainda estacionados no país.
Os talibãs tomaram dezenas de distritos das forças dos governo, o que não alterou a vontade do Pentágono de acabar com a guerra mais longa dos Estados Unidos.
A retirada das forças estrangeiras de Bagram e, em breve, de todo Afeganistão, faz os observadores temerem que o Exército afegão se veja obrigado a lutar contra os talibãs sem o apoio aéreo representado, até agora, pelas tropas americanas.
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