Líder opositor é preso na Venezuela por 'terrorismo e traição à pátria'
O líder opositor venezuelano Freddy Guevara, próximo de Juan Guaidó, foi preso nesta segunda-feira pelo serviço de inteligência do país e será acusado de "terrorismo e traição à pátria", segundo a procuradoria.
O procurador-geral, Tarek Saab, acusado de servir ao chavismo, informou que Guevara foi preso pelo Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), devido à "sua ligação com grupos extremistas e paramilitares associados ao governo colombiano", principal opositor internacional do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, juntamente com os Estados Unidos.
"Ele será acusado pelos crimes de terrorismo, atentado à ordem constitucional, formação de grupo criminoso e traição à pátria", apontou.
Guevara, deputado do Parlamento liderado por Guaidó eleito em 2015 e reconhecido pelos Estados Unidos, havia sido acusado de incentivar a violência durante protestos que buscavam a saída de Maduro e deixaram 125 mortos entre abril e julho de 2017. Após autorização para processá-lo, ele se refugiou na embaixada do Chile até que Maduro o indultou e ele foi libertado em setembro passado.
Guevara, 35, anunciou o ocorrido nas redes sociais de dentro do carro, quando era interceptado por supostos policiais em uma rodovia de Caracas. "Força, saudações à minha família, lamento muito que vocês tenham que passar por esse sofrimento, espero que seja breve", disse, numa transmissão ao vivo.
O governo vinculou Guevara e seu padrinho político, Leopoldo López, aos violentos confrontos da semana passada em um bairro de Caracas, que deixaram pelo menos 26 mortos.
Perseguição
Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por meia centena de países, chamou a prisão de sequestro. Ele mesmo disse ter sido "sequestrado momentaneamente" por membros da segurança em sua residência, na capital.
O gabinete do líder opositor publicou vídeos em que policiais com coletes à prova de balas e longas armas apontavam para seu carro e tentavam abrir as portas. "Desça já!", gritavam os agentes, de acordo com a gravação. Do lado de fora do edifício de Guaidó estava um grupo de supostos funcionários usando bonés da Diretoria de Inteligência e Estratégia (DIE) da Polícia Nacional, apurou a AFP.
"Interceptaram nosso veículo, minutos depois de fazerem o mesmo com Freddy Guevara, que continua desaparecido", declarou Guaidó a jornalistas. "Entraram em nossa residência sem nenhum tipo de ordem, apontando armas pesadas."
A prisão de Guevara e o que Guaidó chamou de perseguição contra ele acontecem no momento em que a oposição e o governo procuram retomar negociações, poucos meses após a realização das eleições regionais no país. Guevara fez parte do grupo de oposição que se reuniu na semana passada com uma delegação da União Europeia que estuda a possibilidade de enviar uma comissão de observação eleitoral para a votação, prevista para 12 de novembro.
'Atos arbitrários'
Os governos dos Estados Unidos e da Colômbia, que reconhecem Guaidó e são acusados por Maduro de liderarem um complô para derrubá-lo, condenaram o ocorrido.
"Instamos a comunidade internacional a se juntar a nós na condenação desses atos e exigir a libertação de todos os detidos por motivos políticos", publicou no Twitter Julie Chung, secretária de Estado adjunta dos Estados Unidos para as Américas. "A comunidade internacional deve exigir que cessem esses atos arbitrários e que todos os presos políticos sejam libertados. Nossa solidariedade com a Venezuela!", escreveu a chancelaria colombiana.
"Eles não irão nos intimidar, continuaremos exercendo nossas funções (...), a perseguição não nos parou, nem irá nos parar", disse Guaidó. Quando o comando deixou sua casa, um grupo de vizinhos bateu nos vidros do carro, achando que o líder opositor havia sido preso.
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