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Calor e incêndios fazem temperatura chegar a 48,8ºC na Itália, com mortes

Helicóptero dos bombeiros tenta apagar o fogo na praia de Catania, na Sicília (Itália) - Roberto Viglianisi/Reuters
Helicóptero dos bombeiros tenta apagar o fogo na praia de Catania, na Sicília (Itália) Imagem: Roberto Viglianisi/Reuters

11/08/2021 09h35Atualizada em 11/08/2021 14h13

O sul da Itália sofre nesta semana um pico de calor acompanhado de incêndios, especialmente em Sicília e Calábria, onde um parque natural inscrito na lista da Unesco está ameaçado. Hoje mais uma morte foi registrada.

Termômetros do Serviço Informativo Agrometeorológico Siciliano (Sias) mediram 48,8ºC na província de Siracusa, dado que ainda precisa ser confirmado por novas análises. "Se esse número for validado, se tornará o valor mais alto já registrado no continente europeu", disse o meteorologista Manuel Mazzoleni.

O recorde oficial são os 48ºC medidos em Atenas em 10 de julho de 1977, enquanto uma estação não-oficial registrou 48,5ºC em Catenanuova, na Sicília, em agosto de 1999.

Outras cidades sicilianas que ultrapassaram os 45ºC nesta quarta-feira foram Paternò (47,4ºC), Mineo (46ºC), Francofonte (45,4ºC) e Aragona (45,2ºC).

A Itália enfrenta a semana mais quente do ano, com temperaturas frequentemente acima dos 40ºC no sul do país, que já contabiliza ao menos quatro mortes em incêndios florestais neste mês.

Em Calábria e Sicília, os bombeiros realizaram 300 intervenções nas últimas 12 horas e sete Canadair se mobilizaram de madrugada, anunciaram os bombeiros.

Durante vários dias, as chamas alimentadas pelo vento e o calor assolaram La Madonia, uma região montanhosa próxima a Palermo, a capital siciliana, e destruíram cultivos, casas e prédios industriais.

O governador de Sicília, Nello Musumeci, pediu que se declare o estado de emergência nacional em La Madonia.

Em Calábria, as chamas ameaçam o parque geológico de Aspromonte, reconhecido pela Unesco, um conjunto de montanhas, cordilheiras e planaltos de quase 2.000 metros de altura que se alternam com profundos vales que se elevam sobre um fragmento peninsular da cordilheira dos Apeninos, oferecendo um panorama espetacular do Estreito de Messina, Etna e as Ilhas Eólias.

Nos próximos dias, espera-se que o anticiclone responsável pela onda de calor que atinge a Itália, adequadamente chamado Lúcifer, se mova para o norte, onde as temperaturas devem alcançar os 39-40 graus em Toscana (centro) durante o fim de semana de 15 de agosto e em Lazio (região de Roma).

Mortes

Os incêndios florestais fizeram mais vítimas nesta quarta-feira (11). Uma delas é o aposentado Mario Zavaglia, de 76 anos, morto no desabamento de uma casa em função de um foco de incêndio nos campos de Grotteria, pequeno município da província de Reggio Calabria.

Zavaglia havia ido até a propriedade para cuidar de um plantio, mas em poucos minutos as chamas envolveram a habitação e não deixaram escapatória.

O corpo carbonizado foi encontrado por um dos filhos do aposentado, que estava preocupado com a demora do pai para voltar. Zavaglia havia se mudado para Grotteria recentemente e habitava no centro da cidade, mas visitava o terreno no campo diariamente para fazer trabalhos agrícolas.

A outra vítima é um agricultor de 30 anos que morreu esmagado por seu trator em Paternò, na Sicília, quando tentava apagar um incêndio em uma propriedade rural. Ele transportava um barril cheio de água, mas o veículo acabou virando em uma curva e matando o agricultor instantaneamente.

Na semana passada, duas pessoas já haviam morrido em San Lorenzo, também na província de Reggio Calabria, por causa de incêndios florestais. "A situação dos incêndios na Calábria está fora de controle. O governo precisa declarar estado de emergência imediatamente", disse Amalia Bruni, candidata a governadora nas eleições regionais previstas para outubro.

*Com informações da AFP e Ansa