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HRW denuncia prisões e abusos sistemáticos contra manifestantes em Cuba

11.jul.2021 - Homem é preso durante protesto em Havana contra o governo de Miguel Díaz-Canel, em Cuba - Yamil Lage/AFP
11.jul.2021 - Homem é preso durante protesto em Havana contra o governo de Miguel Díaz-Canel, em Cuba Imagem: Yamil Lage/AFP

19/10/2021 15h49

Miami, 19 Out 2021 (AFP) - A Human Rights Watch (HRW) acusou o governo cubano, nesta terça-feira (19), de realizar sistematicamente prisões arbitrárias, maus-tratos contra pessoas detidas e julgamentos abusivos, em represália pelos protestos pacíficos que surgiram na ilha em 11 de julho de 2021.

Essa foi "essencialmente a resposta brutal de um governo que concentra todo o poder há décadas (...) e que foi surpreendido por manifestações espontâneas", declarou nesta terça-feira o diretor para as Américas da HRW, José Miguel Vivanco, durante a apresentação em Miami do último relatório da organização.

As autoridades prenderam mais de 1.000 pessoas durante a onda repressiva. Deste total, mais de 500 continuam atrás das grades, e muitas outras, em prisão domiciliar, disse a HRW, citando a ONG cubana Cubalex.

"Manifestantes pacíficos e outros críticos foram sistematicamente detidos, mantidos incomunicáveis, submetidos a abusos em condições carcerárias nefastas e julgados em processos que são uma verdadeira farsa", denunciou um dos autores do relatório da HRW, Juan Pappier.

"Isso obedece a uma política de Estado para cortar pela raiz qualquer tentativa do povo cubano de exercer seu direito ao protesto pacífico", afirmou Vivanco.

Os autores do relatório documentaram em detalhe as violações dos direitos humanos contra 130 pessoas em 13 das 15 províncias cubanas, assim como na Ilha da Juventude, um município especial.

Entre julho e outubro, a HRW entrevistou mais de 150 pessoas, incluindo ativistas, vítimas, familiares e advogados com conhecimento direto dos casos. A organização também consultou documentos judiciais e corroborou vários vídeos e fotos.

Em 11 de julho, milhares de cidadãos saíram às ruas de cerca de 50 cidades de Cuba aos gritos de "estamos com fome" e "liberdade". Sem precedentes desde a Revolução de 1959, estes protestos deixaram pelo menos um morto e dezenas de feridos.

A oposição planeja voltar às ruas em 15 de novembro, apesar da proibição das autoridades da ilha.