Temperatura média sobe 1.39ºC e Ásia registra ano mais quente em 2020, diz ONU
O continente asiático experimentou em 2020 o ano mais quente já registrado, informou a ONU nesta terça-feira (26), antes da cúpula COP26 sobre o clima.
Em seu relatório anual sobre o estado do clima na Ásia, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) apontou que a temperatura média em 2020 foi 1,39ºC superior à média registrada no período 1981-2010.
O aquecimento foi sentido em todo continente, com temperaturas recordes na Sibéria, mas também nos oceanos Índico, Pacífico e Ártico.
No final de junho, os termômetros chegaram a 38°C em Verkhoyansk, no nordeste da Sibéria Russa, a temperatura mais alta já conhecida ao norte do Círculo Polar Ártico.
O relatório também observa que as temperaturas na superfície da água na Ásia aumentam mais rápido do que no restante do mundo. Em algumas partes do Mar Arábico, ou do Oceano Ártico, o aumento é três vezes superior à média.
Em relação às geleiras localizadas na Ásia, a OMM adverte que seu retrocesso está se acelerando e prevê que "sua massa diminuirá de 20% a 40% até 2050, o que afetará a vida e os meios de subsistência de 750 milhões de pessoas".
"O desenvolvimento sustentável está ameaçado. A insegurança quanto à alimentação e à água, os riscos sanitários e a degradação do meio ambiente estão aumentando", alertou esta agência da ONU.
A organização destaca que as mudanças climáticas e os fenômenos meteorológicos extremos "causaram, em 2020, a perda de milhares de pessoas, deslocaram milhões e custaram centenas de bilhões de dólares" na Ásia.
Segundo seus cálculos, estes fenômenos provocaram perdas de US$ 238 bilhões à China; US$ 87 bilhões, à Índia; US$ 83 bilhões, ao Japão; e US$ 24 bilhões à Coreia do Sul.
"Os riscos meteorológicos e climáticos, particularmente inundações, tempestades e secas, tiveram impactos importantes em vários países da região", afirmou o secretário-geral da OMM, Petter Taalas.
Em 2020, inundações e tempestades afetaram 50 milhões de pessoas e causaram mais de 5.000 mortes.
Os números são inferiores à média anual das últimas duas décadas (quase 15.500 mortes e 158 milhões de afetados), mas a OMM atribui isso ao "sucesso dos sistemas de alerta precoce em muitos países asiáticos".
Um estudo recente publicado na revista Science afirma, por exemplo, que o rápido aquecimento do Ártico pode ser uma das principais causas das ondas de frio extremas que atingem a Ásia e os Estados Unidos no inverno.
Abordando uma aparente contradição de longa data na ciência do clima, a investigação usou dados observacionais e modelos para estabelecer uma ligação entre o aquecimento global relacionado ao homem e um fenômeno denominado 'perturbação do vórtice polar estratosférico' (SPV, na sigla em inglês).
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