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Presidente chileno se defende de impeachment após Pandora Papers

Presidente do Chile, Sebastián Piñera, entregou sua defesa à Câmara dos Deputados após a revelação feita pelos "Pandora Papers" de polêmica venda de uma mineradora - Gonzalo Fuentes/Reuters
Presidente do Chile, Sebastián Piñera, entregou sua defesa à Câmara dos Deputados após a revelação feita pelos "Pandora Papers" de polêmica venda de uma mineradora Imagem: Gonzalo Fuentes/Reuters

29/10/2021 09h07

O presidente do Chile, Sebastián Piñera, entregou sua defesa à Câmara dos Deputados na noite de quinta-feira (29), por escrito, no âmbito da acusação por seu impeachment que está sendo analisada por uma comissão legislativa, após a revelação feita pelos "Pandora Papers" de polêmica venda de uma mineradora.

Representantes do presidente entregaram o documento ao secretário-geral da Câmara dos Deputados por volta da meia-noite de ontem. Cumpriram, assim, o prazo de dez dias úteis que Piñera teve, depois de ser notificado pela acusação em 16 de outubro passado, informaram fontes da Casa à AFP.

O advogado de Piñera vai expor a defesa de seu cliente nesta sexta-feira (29), perante uma comissão de cinco deputados - três da oposição, e dois, do governo - formada para estudar a acusação.

Controlada pela oposição, a Câmara dos Deputados deve votar no dia 8 de novembro se aprova, ou rejeita, a denúncia.

Se aprovado, o caso segue para o Senado, que teria de atuar como júri. Na Câmara alta, há um maior equilíbrio de forças entre o partido da situação e a oposição,

Segundo uma investigação dos veículos de comunicação locais CIPER e LaBot, parte dos chamados "Pandora Papers" do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês), uma empresa dos filhos do presidente vendeu a Mineradora Dominga para o empresário Carlos Alberto Délano, amigo íntimo de Piñera, por US$ 152 milhões. O negócio foi, em parte, selado nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal.

O pagamento da operação deveria ser feito em três parcelas. No acordo, uma polêmica cláusula condicionava o último pagamento a que "não se estabelecesse uma área de proteção ambiental sobre a zona de operações da mineradora, como reivindicam grupos ambientalistas".

O negócio foi fechado em 2010, durante o primeiro governo de Piñera (2010-2014), que nada fez para proteger a área em questão.

Um dos homens mais ricos do Chile, Sebastián Piñera alega que deixou a administração de suas empresas em 2009, antes de assumir seu primeiro governo. Por isso, afirma, não participou da venda da mineradora Dominga.

Uma pesquisa publicada pela empresa Ipsos na quinta-feira (29) revela que 60% dos entrevistados está de acordo com a abertura de um processo de impeachment de Piñera. Em tese, ele deixará a presidência em 11 de março de 2022.

No final de 2019, Piñera já havia sofrido uma tentativa de impeachment pela violenta repressão às multitudinárias manifestações contra a desigualdade socioeconômica no país, mas a iniciativa não prosperou.