Biden alerta Putin para resposta 'forte' do Ocidente em caso de escalada com a Ucrânia
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, alertou seu homólogo russo, Vladimir Putin, nesta terça-feira (7), que haverá uma resposta ocidental "forte" em caso de uma escalada militar na Ucrânia.
"O presidente Biden expressou a profunda preocupação dos Estados Unidos e de nossos aliados europeus com a escalada de forças da Rússia em torno da Ucrânia", declarou a Casa Branca em um comunicado após a cúpula de dois horas entre os dois líderes.
O mandatário americano também deixou claro que "os Estados Unidos e nossos aliados responderiam com fortes medidas econômicas e de outros tipos no caso de uma escalada militar".
Biden enfatizou o "apoio à soberania e integridade territorial da Ucrânia e pediu uma desescalada e o retorno à diplomacia", informou o texto, que indicou que Biden e Putin concordaram em dar "seguimento" à cúpula por suas respectivas equipes.
Imagens de satélite revelaram uma forte concentração de tropas russas na fronteira com a Ucrânia, semeando um temor crescente de uma guerra na Europa. A Rússia apoia uma rebelião separatista no leste da Ucrânia e, em 2014, anexou unilateralmente a península da Crimeia.
A Rússia classifica esses temores de uma invasão de "histeria" ocidental, uma vez que "nunca planejou atacar ninguém", declarou nesta terça-feira o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Garantias para Moscou
O Kremlin divulgou seu próprio balanço da conversa, que classificou de "franca e profissional".
De acordo com o comunicado russo, Putin denunciou o "potencial militar" da Otan próximo do território russo e ressaltou que as tropas de seu país "não ameaçam ninguém".
Putin disse a Biden que a crescente aliança da Ucrânia com o Ocidente representa uma ameaça para a segurança da Rússia e que qualquer movimento ucraniano para juntar-se à Otan ou hospedar seus mísseis seria inaceitável.
"A Rússia está seriamente interessada em obter garantias jurídicas confiáveis que descartem uma expansão da Otan para o leste e o deslocamento de armas de ataque para países adjacentes à Rússia", declarou o Kremlin.
Estados Unidos e Otan, porém, afiram que a Rússia não pode vetar as aspirações da Ucrânia.
Coordenação ocidental
Os Estados Unidos e seus aliados europeus buscaram fortalecer o exército da Ucrânia em 2014, quando as forças ucranianas sucumbiram diante da pressão russa.
No entanto, não querem enviar tropas para um conflito militar direto com a Rússia, o que limita as opções de pressão sobre Moscou.
Biden falou com os líderes do Reino Unido, França, Alemanha e Itália na segunda-feira para dar a Putin uma mensagem "coordenada e abrangente". O presidente americano voltou a falar com os aliados após a cúpula para informá-los sobre o andamento das negociações.
O assessor de Segurança Nacional americano, Jake Sullivan, afirmou que Biden também deve relatar a conversa ao presidente ucraniano Volodymyr Zelenski nesta quinta-feira.
Zelenski, vestindo uniforme de combate, visitou na segunda-feira suas tropas que lutam contra separatistas pró-russos no leste do país e falou com o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken. Em seguida, tuitou agradecendo a Washington e seus aliados pelo apoio demonstrado.
O conflito na Ucrânia acumula mais de 13.000 mortos. As tropas de Kiev estão atoladas na disputa armada com os separatistas e tudo indica que serão derrotadas se as tropas russas cruzarem a fronteira.
Embora um destacamento de tropas americanas na Ucrânia não seja esperado, uma invasão russa estimularia a presença da Otan em outros países do Leste Europeu que já fazem parte da aliança, segundo a Casa Branca.
"Se Putin se mexer, haverá um pedido crescente de aliados no flanco oriental e uma resposta positiva dos Estados Unidos por forças adicionais", comentou um alto funcionário dos EUA na segunda-feira.
Ameaça dura
Os Estados Unidos alertaram a Rússia sobre a possibilidade da imposição de sanções dolorosas e outras consequências, como o futuro do polêmico gasoduto Nord Stream 2, que deve transportar gás russo para a Alemanha.
Jake Sullivan considerou tratar-se de uma "ferramenta" de pressão diante de Moscou, pois "se Vladimir Putin quiser ver o fluxo de gás por aquele gasoduto, é possível que não queira se arriscar a invadir a Ucrânia".
A Ucrânia e outros países do Leste Europeu temem que o novo gasoduto do Mar Báltico encoraje Moscou.
"Consultamos nossos aliados e acreditamos em maneiras de infligir danos significativos e graves à economia russa", declarou a secretária de imprensa da Casa Branca, Jean Psaki. "Podem chamar isso de ameaça, podem chamar de fato", acrescentou.
Não só Ucrânia
Além da Ucrânia, Biden e Putin discutiram várias outras questões em que têm divergências, incluindo o programa nuclear iraniano e uma onda de ataques cibernéticos denunciados pelos Estados Unidos. Ambos enfatizaram a importância do combate ao crime cibernético.
Putin propôs a Biden a retirada de todas as medidas retaliatórias contra as missões diplomáticas dos dois países adotadas nos últimos meses, em um contexto de tensão.
Segundo o Kremlin, as relações entre Moscou e Washington "não estão em um estado satisfatório".
"O lado russo propôs fazer uma limpa de todas as restrições acumuladas em relação ao funcionamento das missões diplomáticas, o que poderia permitir normalizar outros aspectos das relações bilaterais" entre as duas potências, disse o Kremlin em seu comunicado.
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