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Pentágono deixa sem punição militares que participaram de ataque contra civis em Cabul

29.ago.2021 - Carro ficou destruído após ataque com drone dos EUA próximo ao aeroporto de Cabul, no Afeganistão  - Reuters
29.ago.2021 - Carro ficou destruído após ataque com drone dos EUA próximo ao aeroporto de Cabul, no Afeganistão Imagem: Reuters

14/12/2021 08h55Atualizada em 14/12/2021 09h32

Os militares dos Estados Unidos envolvidos em um ataque com drones no fim de agosto em Cabul, no qual morreram 10 civis, incluindo sete crianças, não serão punidos, informou o Pentágono.

Em Cabul, o pai de uma menina de três anos que morreu no bombardeio expressou sua raiva com a decisão. O governo Talibã afirmou que era "responsabilidade dos americanos punir os culpados e indenizar as vítimas".

"Não há provas suficientes para responsabilizá-los pessoalmente", declarou na segunda-feira o porta-voz do Pentágono, John Kirby, para justificar a ausência de sanções.

O ataque com aviões não tripulados em 29 de agosto aconteceu nos momentos finais da retirada de Cabul liderada pelos Estados Unidos, depois que os talibãs tomaram o controle do Afeganistão. Três dias antes, um atentado reivindicado pelo Estado Islâmico (EI) deixou mais de 100 mortos, incluindo 13 soldados americanos.

Funcionários americanos disseram que tinham informação de inteligência sobre um possível novo ataque do EI contra as operações de retirada no aeroporto de Cabul, e lançaram um míssil de um drone contra o que pensavam que era um automóvel repleto de explosivos.

Mas na realidade era Ezmarai Ahmad, funcionário afegão de uma ONG americana, que estava com nove membros de sua família, incluindo sete crianças.

Nesta terça-feira em Cabul, o irmão de Ezmarai Ahmed, Aimal, que também perdeu a filha de três anos, Malika, no bombardeio, não escondeu a revolta com a decisão. "Deus vingará os mártires", declarou à AFP.

"É responsabilidade dos americanos punir os responsáveis e indenizar as vítimas", declarou o porta-voz do governo talibã, Bilal Karimi.

A decisão de não adotar punições foi tomada pelo secretário de Defesa, Lloyd Austin, após um relatório de dois integrantes do alto escalão, o chefe do Comando Central, o general Kenneth McKenzie Jr., e do chefe do Comando de Operações Especiais, o general Richard Clarke

No início de novembro, um relatório inicial do inspetor-geral da Força Aérea dos Estados Unidos, o tenente-general Sami Said, disse que o ataque era trágico, mas o considerou "um erro honesto (involuntário)".

"O que vimos aqui foi uma falha no processo, na execução e nos eventos processuais, não o resultado de negligência, não o resultado de má-conduta, não o resultado de uma liderança deficiente", declarou Kirby.

Se Austin "achasse [...] que a prestação de contas estava justificada, ele certamente apoiaria esse tipo de esforço", acrescentou.