Equipes de emergência perdem esperanças por dezenas de desaparecidos em mina de Mianmar
As equipes de resgate recuperaram nesta quinta-feira (23) mais três corpos após o deslizamento de terra da véspera em uma mina de jade do norte de Mianmar, mas alertaram que dezenas de pessoas continuam desaparecidas e provavelmente mortas.
Os três corpos foram recuperados em um lago próximo a mina e elevam a quatro o número de mortes confirmadas na tragédia de quarta-feira, quando os trabalhos de resgate foram suspensos devido à neblina e chuva.
"Se os cadáveres não aparecerem hoje, eles aparecerão nos próximos dias. É a natureza", disse o socorrista Ko Nyi à AFP.
A tragédia aconteceu em Hpakant, perto da fronteira com a China e coração da lucrativa, porém não fiscalizada, indústria de jade, que gera metade do Produto Interno Bruto de Mianmar.
As autoridades informaram em um primeiro momento que pelo menos 70 pessoas estavam desaparecidas, mas depois afirmaram que estavam tentando confirmar o número de trabalhadores não localizados.
Um ativista local disse que centenas de trabalhadores retornaram a Hpakant durante o período de chuvas para explorar as minas a céu aberto, a pesar da proibição imposta pela junta militar até março de 2022.
Um dos desaparecidos, de 23 anos, viajou de Yinmar Pin, no centro de Mianmar e que fica a centenas de quilômetros da mina, informaram as autoridades.
Com o tempo aberto nesta quinta-feira, seis equipes de emergência trabalharam na região para procurar sobreviventes, informou Ko Jack, da Organização de Resgate de Mianmar.
Mas o trabalho foi interrompido por falta de visibilidade durante a noite e deve ser retomado na sexta-feira.
Dezenas de pessoas morrem a cada ano trabalhando nesta indústria com pouca regulamentação, que explora migrantes mal remunerados para extrais as pedras muito desejadas na China.
Jade e outros recursos naturais abundantes no norte de Mianmar, incluindo madeira, ouro e âmbar, ajudaram a financiar os dois lados de uma prolongada guerra civil entre os insurgentes da etnia kachin.
Em 2020, as fortes chuvas de monção provocaram a maior catástrofe do setor, com 300 mineiros soterrados em um deslizamento de terra na região de Hpakant.
O golpe militar de fevereiro acabou com as esperança de uma reforma no setor iniciada no governo da dirigente civil derrubada Aung San Suu Kyi, afirma a organização Global Witness.
O golpe também provocou o reinício dos combates no estado de Kachin entre insurgentes locais e os militares birmaneses, segundo a organização.
A tragédia de quarta-feira "é uma recordação desoladora de que as vidas são frequentemente menos importantes que os lucros nas minas de jade de Hpakant", disse à AFP Hanna Hindstrom, ativista da Global Witness.
"Os militares estão ocupados transformando o setor em um salva-vidas financeiro para seu regime ilegítimo e, novamente, são os mineiros que pagam o preço", completou.
Na quarta-feira, uma venda de jade de cinco dias organizada pela junta "terminou com sucesso", informou o jornal estatal Global New Light: todos os lotes de jade foram vendidos para compradores locais e internacionais.
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