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Após Genebra e Bruxelas, diálogo sobre a Ucrânia continua na OSCE em Viena

13/01/2022 06h42

Viena, 13 Jan 2022 (AFP) - Terceira e última sequência de um intenso balé diplomático para atenuar o risco de um conflito na Ucrânia: o Conselho Permanente da OSCE se reúne, nesta quinta-feira (13), em Viena, para dar prosseguimento ao diálogo entre Rússia, Estados Unidos e seus aliados europeus.

Após tensas discussões em Genebra entre os vice-ministros das Relações Exteriores americano e russo, Wendy Sherman e Serguei Riabkov, a Otan e Moscou observaram na quarta-feira em Bruxelas suas profundas "diferenças" sobre a segurança na Europa.

Da mesma forma, nenhum avanço é esperado na Áustria.

"Acredito que não haverá resultados concretos esta semana. Nosso principal objetivo é estabelecer um diálogo", resumiu o embaixador americano na OSCE, Michael Carpenter.

"Sim, nossas posições são opostas (com Moscou), mas isso não significa que não possamos encontrar um terreno comum", declarou à emissora independente russa Dozhd. O desafio é "determinar de que forma a discussão pode ser aprofundada nos próximos meses".

A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), uma plataforma multilateral para discussões Leste-Oeste resultante da Guerra Fria, presta-se particularmente bem a este exercício.

Esta instância é um dos poucos lugares de intercâmbio em que Estados Unidos e Rússia são membros.

A reunião desta quinta-feira será a primeira reunião do ano, na presença de embaixadores dos 57 países da OSCE.

Após a apresentação, pela presidência polonesa, das suas prioridades, a secretária-geral Helga Schmid dará uma coletiva de imprensa às 12h30 (8h30 de Brasília).

O representante russo Alexander Lukachevich também deve falar à tarde.

- Nada de negociação "sob pressão" -Os ocidentais acusam Moscou de ter concentrado nas últimas semanas cerca de 100.000 soldados, tanques e artilharia na fronteira com a Ucrânia para preparar um ataque contra este país, uma intenção negada pelas autoridades russas.

Esses movimentos "são parte da pressão" exercida por Moscou para alcançar suas demandas, mas "está fora de questão negociar sob pressão", declarou hoje o chefe das Relações Exteriores europeu, Josep Borrell.

Ele falou antes do início de uma reunião informal com os ministros da Defesa da UE em Brest (oeste da França), com o objetivo de "trabalhar a posição da União Europeia (...) vis-à-vis a crise".

No terreno, as condições pioraram, de acordo com os observadores da OSCE, nas áreas controladas pelos separatistas pró-russo.

Desde 2014, a Organização é responsável por monitorar o cumprimento dos acordos de paz de Minsk no leste rebelde da Ucrânia.

"As missões de vigilância não detectaram, até agora, nada de anormal no território", mas na fronteira, "é impossível sabermos o que está acontecendo", alertou Carpenter.

O chefe da Otan, Jens Stoltenberg, também expressou preocupação na quarta-feira.

"O risco de um novo conflito armado é real. A saída da crise depende da Rússia. Ela deve se engajar na desescalada", disse.

Moscou, por sua vez, afirma que seu destacamento militar é uma reação à presença considerada crescente e ameaçadora da Otan naquela que considera ser a sua zona de influência.

A Rússia também rejeita qualquer ampliação da Aliança Atlântica para incluir países dentro de sua esfera de influência, como a Ucrânia.

"A Rússia propôs fundamentos que se parecem muito com um retorno ao status quo anterior a 1975, ou seja, um formato de Yalta II que levaria ao ressurgimento de blocos, de zonas de influência", declarou ontem à AFP o chanceler francês Yves Le Drian.

"Para nós, é inaceitável", insistiu, ecoando as palavras de Borrell, que acusou Moscou de querer "reconstituir o glacis geopolítico soviético na Europa".

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