Investigação sobre tomada de reféns em sinagoga do Texas será 'global'
Autoridades dos Estados Unidos iniciaram neste domingo (16) uma investigação de "alcance global" sobre o suspeito que morreu após manter quatro pessoas como reféns em uma sinagoga do Texas, onde aparentemente exigia a libertação de uma mulher condenada por terrorismo.
Os quatro reféns - entre eles um respeitado rabino local, Charlie Cytron-Walker - foram libertados ilesos na noite de sábado, provocando alívio nos Estados Unidos, onde a comunidade judaica e o presidente Joe Biden renovaram seus apelos pelo combate ao antissemitismo.
O suspeito foi identificado neste domingo pelo FBI (a Polícia Federal dos EUA) como Malik Faisal Akram, um cidadão britânico de 44 anos. Não se sabe se a equipe que realizou a operação matou o homem ou se ele se suicidou.
"Neste momento, não há indícios de que haja outras pessoas envolvidas", afirmou o escritório do FBI em Dallas em um comunicado, acrescentando que os investigadores continuam "analisando as provas coletadas na sinagoga".
A investigação terá "um alcance global", disse o agente especial do FBI Matt DeSarno a repórteres na pequena cidade texana de Colleysville, após o fim do impasse. "Estivemos em contato com várias pistas do FBI que incluem Tel Aviv e Londres", acrescentou.
A secretária de Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss, classificou neste domingo o episódio como um "ato de terrorismo e antissemitismo". "Estamos com os Estados Unidos na defesa dos direitos e das liberdades de nossos cidadãos contra aqueles que espalham ódio", afirmou.
Citando um alto funcionário, a rede ABC relatou que o homem exigia a libertação de Aafia Siddiqui, uma cientista paquistanesa condenada a 86 anos de prisão, em 2010, por um tribunal de Nova York. Ela foi considerada culpada de tentativa de assassinato de autoridades americanas no Afeganistão.
Em um comunicado à CNN, o advogado de Siddiqui, que está detida em uma prisão no Texas, disse que ela "não tem absolutamente nenhum envolvimento" na situação dos reféns e condenou o incidente.
Siddiqui foi a primeira mulher suspeita de ter ligações com a rede jihadista Al Qaeda a ser presa nos Estados Unidos, ganhando o apelido de "Lady Al Qaeda".
O agente DeSarno não confirmou as exigências do suspeito, mas disse que estavam "focadas em uma questão que não era especificamente uma ameaça à comunidade judaica".
Live no Facebook
A certa altura, o confronto envolveu cerca de 200 agentes das forças de segurança locais, estaduais e federais reunidos em torno da Congregação Beth Israel, em Colleyville.
Uma transmissão ao vivo da página da sinagoga no Facebook durante o culto do "Sabbat" pareceu captar a voz do homem falando, em tom muito alto, embora não mostrasse a cena dentro do centro religioso.
Na transmissão, ouvia-se um homem afirmar: "Ponham minha irmã no telefone" e "Eu vou morrer". Ele dizia ainda: "Há algo de errado com os Estados Unidos".
De acordo com a ABC News, o sequestrador estava armado e alegou ter bombas em vários locais, o que não foi confirmado.
Um dos reféns foi liberado no início da intervenção policial. Depois de horas do que, segundo a polícia, foram extensas negociações com o suspeito, uma equipe de elite da SWAT invadiu a sinagoga.
Jornalistas que estavam próximos relataram ter ouvido um estrondo - provavelmente uma granada de fragmentação usada como distração - e tiros.
"Terrível"
Ellen Smith, membro dessa congregação que cresceu frequentando a sinagoga, disse em entrevista à CNN que a situação foi "chocante e terrível".
Para ela, este evento não foi uma surpresa. "Os casos de antissemitismo têm crescido ultimamente, mas desde que os judeus caminham pela Terra, somos perseguidos", comentou.
O incidente despertou preocupação na comunidade judaica e no governo de Israel, cujo primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, afirmou estar acompanhando "de perto" a situação.
Sinagogas em várias cidades dos EUA aumentaram sua segurança após o ataque, embora as autoridades tenham dito que não acreditam que o incidente seja parte de uma ameaça global.
O presidente Joe Biden prometeu "se opor ao antissemitismo e ao aumento do extremismo".
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