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Procuradora-geral de NY vê indícios de fraude em negócios da família Trump

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com filha Ivanka Trump, na Casa Branca, em Washington - Carlos Barria/Reuters
Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com filha Ivanka Trump, na Casa Branca, em Washington Imagem: Carlos Barria/Reuters

19/01/2022 15h18

A procuradora-geral de Nova York, Letitia James, disse que encontrou provas que sugerem que a família Trump valorizou de forma fraudulenta diversos ativos e deturpou esses valores para obter ganhos financeiros.

Em um extenso documento judicial publicado na noite de terça-feira (18), James disse que, como beneficiário final, o ex-presidente Donald Trump "tinha a máxima autoridade sobre uma série de condutas da Organização Trump, que envolviam declarações erradas às contrapartes, incluídas as instituições financeiras e o Serviço de Impostos Internos".

No fim de dezembro e início de janeiro, a procuradora-geral intimou o ex-presidente para prestar depoimento sob juramento, e também seu filho Donald Jr. e sua filha Ivanka. A família Trump, no entanto, não respondeu às intimações e recorreu a todo tipo de subterfúgio para evitar os depoimentos e a atrasar as investigações.

Os Trump insistem em que a investigação tem motivações políticas e a classificam de "ameaça contra nossa democracia". Uma porta-voz do ex-presidente, Liz Harrington, disse nesta quarta-feira (19), no Twitter, que "as acusações não têm fundamento e serão combatidas". Uma de suas advogadas, Alina Habba, refutou em uma nota enviada à AFP as "provas tangíveis" mencionadas pela procuradora.

O documento judicial do caso afirma que "até janeiro de 2017, a Sra. Trump [Ivanka] foi o contato principal para o maior credor da Organização Trump, o [banco alemão] Deutsche Bank. Em relação a esta função, a Sra. Trump fez com que fossem apresentadas declarações financeiras enganosas ao Deutsche Bank e ao governo federal".

Além disso, "desde 2017, Donald Trump Jr. tinha autoridade sobre numerosos estados financeiros que contêm avaliações enganosas de ativos", acrescenta o texto.

O documento apresenta uma descrição detalhada das supostas avaliações fraudulentas e deturpações de valores às instituições financeiras.

Entre elas está a cobertura do ex-presidente na Trump Tower de Manhattan, em Nova York, cujo tamanho é três vezes menor do que o declarado, supervalorizando seu preço em 200 milhões de dólares.

"Até agora, em nossa investigação, descobrimos evidências significativas que sugerem que Donald J. Trump e a Organização Trump valorizaram de maneira falsa e fraudulenta diversos ativos e deturparam esses valores ante instituições financeiras para obter ganhos financeiros", declarou James no comunicado.

"Os Trump devem cumprir com nossas citações legais para apresentar documentos e depoimentos porque ninguém neste país pode escolher se a lei se aplica a eles e como se aplica. Não seremos dissuadidos em nossos esforços para continuar esta investigação e assegurar que ninguém esteja acima da lei", destacou a procuradora-geral de Nova York.

James iniciou as investigações em março de 2019 e suspeita que a Organização Trump sobrevalorizou de maneira fraudulenta certas propriedades quando buscava empréstimos bancários, e depois reduziu esses valores para pagar menos impostos.

Eric, filho de Trump e vice-presidente executivo da Organização Trump, chegou a ser interrogado pela procuradoria de James sobre o caso em outubro de 2020.

A Organização Trump também está sendo investigada pela procuradoria distrital de Manhattan por possíveis delitos financeiros e fraude na área de seguros.

Em julho do ano passado, a Organização Trump e seu diretor de finanças, Allen Weisselberg, se declararam inocentes em um tribunal de Nova York de 15 delitos graves de fraude e evasão de impostos. O julgamento está previsto para começar em meados deste ano.