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Boris Johnson se desculpa por festas durante lockdown e promete aprender lição

31.jan.2022 - O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson - Tolga Akmen/AFP
31.jan.2022 - O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson Imagem: Tolga Akmen/AFP

Em Londres

31/01/2022 13h35Atualizada em 31/01/2022 14h06

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse ao Parlamento hoje "lamentar" as inúmeras festas realizadas na sede do governo, Downing Street, durante os confinamentos, e prometeu aprender as lições e continuar trabalhando.

"Entendo e vou consertar isso", declarou, prometendo mudanças administrativas em Downing Street.

"Sei qual é a pergunta: 'Dá para confiar que este governo vai cumprir isso?'", antecipou-se.

"Sim, dá", afirmou, defendendo seu trabalho a favor do Brexit e contra a pandemia do coronavírus.

Isso indignou a oposição, que continua pedindo sua demissão, acusando-o de mentir quando negou que houve festas. É "um homem sem vergonha", declarou Keir Starmer, do Partido Trabalhista.

Hoje mais cedo, uma investigação interna sobre as 16 festas realizadas durante os confinamentos anticovid-19 de 2020 e 2021, em Downing Street, denunciou "falhas de liderança e de julgamento" no gabinete do premiê.

"Houve falhas de liderança e de julgamento de diferentes partes em Downing Street e no Gabinete, em diferentes momentos. Alguns eventos não deveriam ter sido permitidos", concluiu a responsável pela investigação, Sue Gray, em um relatório entregue a Johnson, que teve de comparecer logo depois ao Parlamento para dar explicações.

"Versão reduzida"

O relatório, porém, é muito vago sobre os eventos em questão, tendo em vista que 12 deles estão sendo investigados pela polícia, que pediu menção "mínima" para evitar interferências.

Isso atrasou em uma semana a entrega e publicação do relatório, que teve que ser modificado para uma "versão" reduzida. E por isso, não detalha quem organizou e participou das festividades.

A oposição denunciou essa parcialidade e uma deputada chegou a perguntar a Johnson se ele estava presente em um dos eventos realizados em 13 de novembro de 2020 em seu apartamento oficial.

Mas o primeiro-ministro, ameaçado por uma possível moção de censura, escondeu-se atrás da investigação policial em curso para não responder.

Políticos britânicos, especialmente deputados conservadores que contemplam se juntar à rebelião contra Johnson, aguardavam ansiosamente as conclusões da investigação interna de Gray, que também denunciou "um consumo excessivo de álcool inadequado em qualquer local de trabalho".

No entanto, o primeiro-ministro pediu agora aguardar as conclusões da polícia, o que pode demorar semanas ou meses.

O escândalo, apelidado de "partygate", tornou-se uma bola de neve que ameaça engolir Johnson.

Desde dezembro, uma série de informações vazadas deram conta de mais de uma dúzia de festas ilegais, algumas das quais Johnson teve que admitir ter participado enquanto se esforçava para evitar a responsabilidade.

Johnson, de 57 anos, chegou ao poder em 2019 prometendo conduzir um Brexit com o qual sua antecessora, Theresa May, passou anos lutando. E seduziu um grande número de redutos trabalhistas no norte pós-industrial da Inglaterra, conquistando uma maioria conservadora.

Mas agora são precisamente os jovens deputados de seu partido eleitos naqueles distritos que tradicionalmente votavam na esquerda e que se rebelam contra seu líder.

Para lançar uma moção de censura interna são necessários 54 solicitações, 15% dos 360 membros da maioria do governo, a chamada Comissão de 1922, responsável pela gestão do grupo parlamentar. Seu número é mantido em segredo até que o limite seja atingido.