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Coreia do Norte dispara míssil intercontinental em teste mais potente desde 2017

Bandeira da Coreia do Norte em frente à sede da missão diplomática do país em Genebra - Denis Balibouse/Reuters
Bandeira da Coreia do Norte em frente à sede da missão diplomática do país em Genebra Imagem: Denis Balibouse/Reuters

Da AFP, em Seul (Coreia do Sul)

24/03/2022 20h09

A Coreia do Norte disparou nesta quinta-feira (24) um míssil balístico intercontinental (ICBM), afirmaram a Coreia do Sul e o Japão, que expressaram indignação com o teste mais potente de Pyongyang desde 2017.

Na manhã desta sexta-feira, a agência de notícias estatal norte-coreana KCNA confirmou que o disparo de "um novo tipo" de ICBM, chamado Hwasong-17, havia sido ordenado pelo líder norte-coreano, Kim Jong Un, e que o projétil atingiu seu alvo no Mar do Japão.

Em Seul, o Exército sul-coreano anunciou que disparou uma série de mísseis por terra, ar e mar como resposta. O Japão considerou "escandaloso e imperdoável" o lançamento do projétil, que caiu dentro da zona econômica marítima exclusiva do país.

A Coreia do Norte executou uma dezena de testes de projéteis desde o início do ano, uma série sem precedentes que desafia as sanções da ONU contra o desenvolvimento de seu programa armamentista e nuclear.

Pyongyang suspendeu oficialmente os testes de longo alcance enquanto o dirigente Kim Jong Un participava em negociações de alto nível com o então presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Mas as conversações fracassaram em 2019 e estão paralisadas desde então.

"Foi uma violação da suspensão dos lançamentos de mísseis balísticos intercontinentais prometida pelo presidente Kim Jong Un à comunidade internacional", destacou o presidente sul-coreano Moon Jae-in em um comunicado.

"Isto representa uma grave ameaça à península da Coreia, à região e à comunidade internacional", afirmou, antes de acrescentar que também é uma "clara violação" das resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

A Casa Branca condenou "firmemente" o teste, que "aumenta inutilmente a tensão", e prometeu "tomar as medidas necessárias para garantir a segurança do território americano, da Coreia do Sul e do Japão", disse sua porta-voz, Jen Psaki.

O secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, condenou "com firmeza" o lançamento e pediu que Pyongyang desista "de tomar qualquer outra ação contraproducente", disse seu porta-voz. O Conselho de Segurança da ONU deve se reunir nesta sexta-feira, indicaram diplomatas à AFP.

O míssil foi lançado nesta quinta-feira antes das 16H00 (4H00 de Brasília) a partir do distrito de Sunan, provavelmente o mesmo local em que aconteceu na semana passada um teste fracassado, e estabeleceu uma parábola de 6.200 quilômetros, indicou o Estado-Maior Conjunto de Seul.

De acordo com o vice-ministro da Defesa do Japão, Makoto Oniki, o míssil voou durante 71 minutos e caiu a 150 km ao oeste de sua costa norte, dentro da zona econômica exclusiva nipônica.

A Coreia do Norte está ameaçando "a paz e a segurança do Japão, da região e da comunidade internacional (...) Isto não pode ser aceito", afirmou o primeiro-ministro nipônico, Fumio Kishida.

"Isto é um ato escandaloso e imperdoável", acrescentou o chefe de Governo, que está em Bruxelas para um encontro de líderes do G7.

'Momento perfeito'

Apesar das sanções internacionais mais severas, Pyongyang se aferra ao programa de Kim Jong Un para modernizar suas Forças Armadas.

Estados Unidos e Coreia do Sul alertaram este mês que Pyongyang estava se preparando para disparar um ICBM e que testou componentes do Hwasong-17 camuflados como satélites espaciais.

A Coreia do Norte já havia disparado três mísseis do tipo, o último deles em novembro de 2017, o Hwasong-15, que foi considerado suficientemente potente para atingor o territorio continental dos Estados Unidos.

"Kim Jong Un quer se estabelecer como o líder que desenvolveu com sucesso armas nucleares e o ICBM", declarou à AFP Ahn Chan-il, professor de estudos norte-coreanos.

Os lançamentos acontecem às vésperas do 110º aniversário do nascimento do fundador da Coreia do Norte e avô do atual líder do país, Kim Il Sung. O regime costuma usar as efemérides para demonstrar sua capacidade militar.

Além disso, Pyongyang aproveita a instabilidade internacional provocada pela invasão da Ucrânia, que provocou o aumento da disputa de Washington com Moscou e Pequim, assim como a transição na Coreia do Sul até a posse do presidente eleito Yoon Suk-yeol em maio.

"Kim provavelmente sente que é o momento perfeito para desenvolver o ICBM", disse Ahn Chan-il.