Congresso do Peru debate impeachment de Castillo em julgamento político relâmpago
O Congresso do Peru, dominado pela oposição de direita, debate nesta segunda-feira (28) uma moção de destituição contra o presidente de esquerda Pedro Castillo por suposta corrupção e falta de rumo, uma acusação que já levou à queda de dois presidentes desde 2018.
A sessão plenária do Parlamento peruano está prevista para as 15h00 (17h00 no horário de Brasília), "com o objetivo de debater e votar o pedido de vacância da Presidência da República", segundo a convocatória da chefe do Congresso, a conservadora María del Carmen Alva.
Esta é a segunda moção de vacância em oito meses contra Castillo, que assumiu a presidência em julho após ganhar uma eleição acirrada contra a direitista Keiko Fujimori. Em dezembro, o Congresso rejeitou uma medida semelhante.
O resultado é uma incógnita porque a oposição não tem os 87 votos necessários exigidos pela Constituição para destituir um presidente.
Dos 130 legisladores, os opositores somam cerca de 80. Os partidários oficiais do Peru Livre Marxista e grupos relacionados são quase 50.
"Para ser honesta, ainda não há votos. São aproximadamente 76 votos", disse no domingo Norma Yarrow, do direitista 'Avanza País', um dos partidos que promovem o impeachment.
A sessão começará com um discurso de Castillo, que tem até uma hora para responder às perguntas contra ele. Em seguida, seu advogado acompanhará os detalhes do debate, com direito a resposta. O presidente não participa desta etapa.
Se Castillo for destituído, ele será substituído pela vice-presidente Dina Boluarte, mas se ela não aceitar, a presidente do Congresso assumirá o cargo.
"Tenho certeza de que o Congresso não vai cair (no jogo de aprovar a destituição)", disse Castillo há uma semana.
Um impeachment paira no ar desde sua eleição em 2021, quando seus adversários denunciaram "fraude", apesar do aval à sua vitória pela OEA, União Europeia e Estados Unidos.
O Congresso decidiu há duas semanas levar Castillo a um julgamento político relâmpago por 76 votos, 41 contra e uma abstenção.
A oposição acusa Castillo, um professor rural de 52 anos que deve governar até julho de 2026, de falta de rumo e permitir uma suposta corrupção em seu entorno. Também é criticado por suas constantes crises ministeriais, traduzidas em quatro gabinetes desde o início do mandato, algo inédito no Peru.
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