Em Israel, atentado levanta temores de que o Estado Islâmico recrute novos adeptos
Os últimos ataques reivindicados pela organização Estado Islâmico (EI) em Israel levantaram temores de que o movimento jihadista esteja recrutando novos adeptos.
Há uma década, a Síria é palco de uma guerra em que os combatentes do EI impuseram, até 2019, seu autoproclamado califado a certas regiões do país e do Iraque, com grande reforço de recrutas da Europa ou de outros países do Oriente Médio.
Enquanto haviam árabes israelenses e palestinos que se juntaram aos partidários da jihad na Síria, a intenção seria ficar no país para lutar pela causa palestina.
Convencido de que a "idade de ouro" do EI havia terminado com a queda do "califado", o prefeito de Umm al-Fahm, cidade árabe no norte de Israel, ficou chocado ao saber esta semana que dois de seus moradores haviam realizado um ataque reivindicado pela organização jihadista.
Indivíduos identificados pela inteligência israelense como agentes locais do EI mataram dois policiais em Hadera, norte de Israel, no domingo.
"Umm al-Fahm é certamente uma cidade religiosa, mas fiquei surpreso ao saber que o EI estava presente", disse o prefeito, Samir Mahamid à AFP.
Durante uma operação no apartamento de um dos dois homens, as forças israelenses descobriram material de propaganda do Estado Islâmico.
Fonte de inspiração?
O ataque de Hadera sucedeu outro que matou quatro pessoas no sul de Israel e foi realizado por outro árabe israelense, preso por alguns anos por tentar se juntar ao EI na Síria.
Na noite de terça-feira, um terceiro ataque em apenas uma semana ocorreu nos subúrbios de Tel Aviv.
Um jovem palestino abriu fogo com metralhadoras e matou cinco pessoas, incluindo um policial, em um modus operandi mais próximo do EI do que das facções palestinas.
As forças policiais de Israel, que ocupam a Cisjordânia e Jerusalém Oriental e impõem um bloqueio a Gaza, geralmente são o alvo.
Esse ciclo de violência não mostra que o EI tenha mais membros em Israel, mas esses ataques podem "inspirar" outros, segundo analistas.
"O EI ainda tem a capacidade de atacar Israel apesar do mito de que é muito complicado para eles", devido aos seus poderosos serviços de segurança, enfatiza Damien Ferré, fundador da empresa Jihad Analytics, especializada no estudo da jihad no ciberespaço.
Embora enfraquecido por sucessivas ofensivas na Síria e no Iraque, o EI "conservou a capacidade de planejar ou inspirar ataques", lembra Ferré.
Os ataques recentes são "trabalho de agentes locais" e não da sede do EI, tornando-os mais difíceis de prever, observa Yoram Schweitzer, do Instituto Nacional de Pesquisa de Segurança (INSS) em Tel Aviv.
Às vésperas das grandes celebrações relacionadas ao Ramadã, mês de jejum muçulmano que começará no final de semana, as autoridades israelenses temem confrontos em Jerusalém, semelhantes aos do ano passado que culminou em uma guerra entre o Hamas e Israel.
Em Umm al-Fahm, o prefeito enfatizou a magnitude do crime organizado na sua cidade, onde circulam inúmeras armas, e apelou à polícia para que redobre os seus esforços no confronto a esse problema.
"Amanhã essas armas serão usadas em outros lugares", avisa.
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