Como desfile militar pode ter superpropagado a covid-19 na Coreia do Norte
O grande desfile militar realizado em 25 de abril deveria servir para mostrar o poder da Coreia do Norte, mas o grande evento para comemorar a fundação do exército do país pode ter desencadeado um surto "explosivo" de covid-19 no país, segundo especialistas.
A Coreia do Norte anunciou ontem a primeira morte confirmada por covid-19, devido a um rápido surto do novo coronavírus, que se alastrou por todo o país "desde o final de abril" e tem 187 mil pessoas "isoladas e tratadas" para febre, segundo a agência oficial de notícias KCNA.
De acordo com imagens do desfile militar, divulgadas pela televisão estatal, milhares de pessoas - sem máscara e sem distanciamento social - se reuniram na praça Kim Il-sung, na capital Pyongyang, para assistir ao desfile marcial dos soldados, e aplaudir as armas exibidas.
O atual surto de covid-19 "está intimamente ligado a esse desfile em 25 de abril", acredita Hong-min, pesquisador do Instituto Coreano da Reunificação Nacional, com sede em Seul.
"Mais de 20 mil pessoas se prepararam para o desfile por dois meses e ficaram na capital para ter a oportunidade de fotografar Kim Jong-un", o presidente norte-coreano, segundo o pesquisador.
A Coreia do Norte parece ter percebido tardiamente a "gravidade" da situação e realizou testes de covid-19 nos participantes apenas quando retornaram aos seus distritos de origem, de acordo com ele.
"Realizar um desfile militar com a presença de uma grande multidão enquanto a variante ômicron atinge a vizinha China demonstra a grande confiança da Coreia do Norte em sua capacidade de prevenir e combater o vírus", explica Cheong Seong-chang, do Instituto Sejong.
Bloqueio rigoroso
A Coreia do Norte impôs um bloqueio estrito com o exterior desde o início de 2020, assim que o vírus surgiu na China.
Com os 25 milhões de habitantes do país ainda não vacinados contra a covid-19 e apesar de uma infraestrutura de saúde precária, a Coreia do Norte manteve oficialmente a covid-19 sob controle por dois anos, durante os quais nenhum caso foi relatado.
Pyongyang chegou a organizar um desfile militar noturno em setembro de 2021, sem consequências sanitária, embora, de acordo com fotografias do evento, alguns participantes usaram máscaras.
Mas, com o tempo, a Coreia do Norte pode ter baixado a guarda contra o vírus.
Enquanto isso, a China, único grande aliado da Coreia do Norte, mantém uma política restritiva de "covid zero" à pandemia e atualmente luta contra vários surtos da variante ômicron em seu território.
No início deste ano, a Coreia do Norte aliviou temporariamente bloqueio quase total ao comércio terrestre na fronteira com a China, que pode ter sido a fonte do atual surto de ômicron, afirma Yang Moo-jin, professor da Universidade de Estudos Norte-coreanos.
"O vírus pode ter entrado na Coreia do Norte por três rotas: ferrovia, portos ou contrabando. Mas veio da China", assegura.
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