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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Separatistas pró-russos condenam à morte 'mercenários' estrangeiros na Ucrânia

24.fev.2022 - Militares da autoproclamada República Popular de Donetsk - Alexander Ermochenko/Reuters
24.fev.2022 - Militares da autoproclamada República Popular de Donetsk Imagem: Alexander Ermochenko/Reuters

Da AFP

09/06/2022 20h15Atualizada em 09/06/2022 20h41

Dois britânicos e um marroquino foram condenados à morte por separatistas pró-Rússia nesta quinta-feira (9), acusados de atuar como "mercenários" da Ucrânia, que exige armas para evitar a queda da estratégica cidade de Severodonetsk em mãos russas.

Severodonetsk e a vizinha Lysychansk se transformaram no centro da ofensiva russa, em uma tentativa de assumir toda a área de mineração de Donbass, no leste da Ucrânia.

Os britânicos Aiden Aslin e Shaun Pinner e o marroquino Saadun Brahim foram capturados precisamente pelos separatistas que já controlam essa região desde 2014.

Os três foram "acusados de terem participado dos combates como mercenários" e condenados à morte pelo Supremo Tribunal da República Popular de Donetsk (reconhecido apenas pela Rússia), informou a agência oficial russa de notícias TASS.

O governo britânico manifestou sua "preocupação profunda" por essas sentenças e exigiu que deem aos seus cidadãos um tratamento de "prisioneiros de guerra".

Durante o julgamento, os três se declararam culpados de cometer "ações destinadas a tomar o poder e derrubar a ordem constitucional da República Popular de Donetsk", garantiu a agência de notícias russa Interfax.

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro, milhares de voluntários estrangeiros se alistaram para lutar ao lado das tropas ucranianas.

Moscou afirmou ter bombardeado um centro de treinamento de "mercenários estrangeiros" na região de Zhitomir, ao oeste de Kiev.

O "destino" de Donbass em jogo

A Ucrânia voltou a pedir armamento ocidental de "longo alcance", como os Himars que os Estados Unidos anunciaram o envio no início do mês, com um alcance de 80 km.

Com esses dispositivos, as tropas ucranianas poderiam retomar o controle de Severodonetsk "em dois ou três dias", afirmou nesta quinta-feira Serguei Gaiday, governador de Lugansk, uma das regiões do Donbass.

Os soldados ucranianos lutam uma das batalhas "mais difíceis" da guerra de Severodonetsk, que está em grande parte sob controle das tropas russas, afirmou o presidente ucraniano Volodimir Zelensky.

"Em muitos sentidos, o destino do Donbass está sendo decidido lá", acrescentou.

Quase 800 civis permanecem bloqueados na fábrica de produtos químicos Azot da cidade, onde procuraram refúgio, segundo o advogado de um magnata ucraniano que é proprietário das instalações.

Até o momento, as autoridades ucranianas não confirmaram as informações.

"Ninguém que me ajude"

Da outra margem do rio Donets, Lysychansk permanece completamente sob controle de Kiev, mas é cenário de bombardeios "caóticos", nas palavras de Gaiday, que acusa os russos de atirar "deliberadamente" contra hospitais e centros de distribuição de ajuda humanitária.

"Não há ninguém que me ajude", disse à AFP Yuriy Krasnikov, um aposentado de um bairro repleto de casas destruídas em Lysychansk.

Depois de mais de 100 dias de guerra, as tropas russas seguem bombardeando diversos locais do país vizinho.

Nas últimas 24 horas, pelo menos quatro pessoas morreram em Toshkivka, um povoado localizado cerca de 25 km ao sul de Severodonetsk, segundo a presidência ucraniana.

Outras quatro morreram em Donetsk e mais duas na cidade de Carcóvia, a segunda do país, no nordeste.

Em Kiev, o ministro do Interior ucraniano, Denys Monastyrsky, declarou que a capital não corria perigo imediato, embora as tropas ucranianas mantenham uma linha de defesa ao redor da cidade.

Já em Moscou, o presidente russo, Vladimir Putin, comparou suas ações às do czar Pedro, o Grande, que no século XVIII entrou em guerra com a Suécia e ocupou parte de seu território.

"A impressão que dava é que, ao lutar contra a Suécia, ele se apoderava de algo. Mas ele não estava se apoderando de nada, ele estava recuperando algo", declarou Putin, acrescentando que era responsabilidade dos russos "recuperar e fortalecer" terras perdidas, em uma aparente alusão à atual ofensiva na Ucrânia.

Consequências globais

O Produto Interior Bruto (PIB) da Ucrânia caiu 15,1% no primeiro trimestre de 2022 em comparação com o mesmo período do ano anterior, uma consequência da guerra, anunciou a agencia estatal de estatísticas ucraniana. A taxa de inflação nesse período alcançou 18%.

Mas a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, dois grandes provedores de matérias-primas e alimentos, tem também um alcance global, com um efeito imediato na aceleração da inflação em todos os continentes.

"O impacto da guerra na segurança alimentar, energia e nas finanças é sistêmico, grave e acelera", alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres.

Depois de acusar Moscou de provocar uma crise mundial de cereais, Zelensky pediu nesta quinta-feira a exclusão da Rússia da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Em um relatório, a agência da ONU alertou que os países pobres serão os que mais sofrerão com a crise alimentar, já que "pagarão mais, mas receberão menos.

A África e o Oriente Médio serão especialmente afetados. De fato, o presidente senegalês e atual presidente da União Africana, Macky Sall, a retirada das minas do porto ucraniano de Odessa para permitir a exportação de grãos a seu continente

Kiev se nega a desminar esse porto por medo que Moscou aproveite para atacar a cidade.