Cidade estratégica do leste da Ucrânia sofre bombardeios intensos da Rússia
As tropas russas bombardeiam "em larga escala" Lysychansk, uma cidade estratégica do leste da Ucrânia, que resistirá "o tempo que for necessário", afirmou nesta quarta-feira (22) o governador regional, na véspera de uma reunião de cúpula que pode conceder à Ucrânia o status oficial de candidata a integrar a União Europeia (UE).
"O exército russo bombardeia em larga escala Lysychansk, com canhões, mísseis, bombas aéreas, lança-mísseis... Destroem tudo", declarou Serhiy Haiday, governador da região de Luhansk, localizada na bacia de mineração do Donbass.
Além disso, o exército russo já ocupa dois terços de Severodonetsk, separada de Lysychansk pelo rio Donets.
"Nossos rapazes mantêm suas posições e seguirão nelas o tempo que for necessário", disse Haiday, ao acrescentar que Severodonetsk vivia "um inferno".
Um representante dos separatistas pró-russos que controlam parte do Donbass desde 2014 afirmou que o cerco sobre as forças ucranianas estava se fechando nas duas cidades-gêmeas.
"Em breve, os grupos [ucranianos] em Lysychansk e Severodonetsk serão cercados", disse Andrey Marochko à emissora de televisão estatal russa.
'Plano Marshall'
Em Lysychansk, um ataque russo deixou um enorme buraco em uma delegacia e danificou um bloco de apartamentos próximo. As autoridades informaram que 20 policiais ficaram feridos.
O Ministério da Defesa da Rússia assumiu responsabilidade por um ataque em Mykolaiv, mais ao sul, que deixou vários soldados ucranianos mortos.
O bombardeio atingiu duas empresas, uma escola e provocou um incêndio, segundo o prefeito desta localidade ucraniana, Oleksandr Senkevuch.
As autoridades russas afirmaram que dois drones ucranianos haviam bombardeado uma refinaria de petróleo na região russa de Rostov, fronteiriça com a Ucrânia, sem causar vítimas.
O chefe de governo da Alemanha, Olaf Scholz, estimou que a reconstrução da Ucrânia necessitará de "um plano Marshall", em referência aos investimentos maciços de recursos americanos para reconstruir a Europa Ocidental depois da Segunda Guerra Mundial.
Desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro, A Ucrânia conta com o apoio de Estados Unidos e da UE, que realizará nos próximos dois dias uma reunião de cúpula em Bruxelas para decidir se concede à ex-república soviética o status de candidato à adesão.
"Vou fazer tudo para que se aprove a histórica decisão da União Europeia. É importante para nós", disse o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Por outro lado, Zelensky reivindica mais armas às potências ocidentais para conter a ofensiva russa no leste.
A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou o "nível chocante" do sofrimento que a violência da guerra na Ucrânia provoca nos civis, vítimas de "ataques indiscriminados constantes".
Sem 'acordos concretos'
Um navio de carga turco zarpou nesta quarta-feira do porto ucraniano de Mariupol, cidade controlada pelas tropas russas desde maio, após negociações entre Ancara e Moscou para permitir a saída de grãos bloqueados pela guerra.
Milhões de toneladas de grãos estão acumulados nos portos ucranianos, provocando escassez em muitos países e uma disparada de preços em todo o mundo.
A Ucrânia atribui a crise alimentar ao bloqueio feito pela Rússia dos portos no Mar Negro. Moscou, por outro lado, diz que a crise é consequência das sanções ocidentais que restringiram o seu comércio com o resto do mundo.
A ONU tenta mediar um acordo, mas a Ucrânia exige o desbloqueio de seus portos.
"A segurança continua sendo um elemento-chave da posição da Ucrânia", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores ucraniano, Oleg Nikolenko.
Escalada
A Rússia alertou que as restrições impostas pela Lituânia ao tráfego ferroviário com o enclave russo de Kaliningrado terá consequências "graves" para o país do Báltico, que é membro da Otan e da UE.
O enclave russo fica a 1.600 quilômetros de Moscou, entre Lituânia, Polônia e o Mar Báltico.
A Lituânia, por sua vez, garante que se limita a cumprir as sanções europeias contra a Rússia pela invasão da Ucrânia.
Já a Estônia, outra república do Báltico e que faz fronteira com a Rússia, acusou Moscou de intensificar sua retórica bélica antes da cúpula da Otan na próxima semana.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, participará por videoconferência dessa reunião, segundo o Ministério de Relações Exteriores da Espanha.
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