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Vizinhos negam alvo militar próximo ao shopping atacado pela Rússia

Chamas tomaram conta de shopping em Kremenchuk após ataque com mísseis - Press service of the State Emergency Service of Ukraine/Handout via REUTERS
Chamas tomaram conta de shopping em Kremenchuk após ataque com mísseis Imagem: Press service of the State Emergency Service of Ukraine/Handout via REUTERS

28/06/2022 15h08

Moradores da cidade ucraniana de Kremenchuk, vizinhos do shopping center "Amstor" - onde um ataque russo na segunda-feira deixou dezenas de mortos, feridos e desaparecidos - negam a versão russa de que o alvo seria um armazém militar.

"É um absurdo. Me pergunto como podem acreditar em coisas desse tipo. É invenção", reagiu Polina Puchintseva, que mora no quarto andar de um prédio em frente ao "Amstor".

"Junto ao Amstor não há absolutamente nenhuma infraestrutura militar. E atrás do centro comercial há um campo de futebol", disse Antonina Chumilova, outra moradora do bairro.

O exército russo afirma ter atacado um depósito de armas ocidentais em uma fábrica de máquinas para construção, vizinha de onde o incêndio se propagou para o shopping, que afirmou estar vazio.

Há uma fábrica de máquinas de construção cerca de dez minutos a pé do "Amstor". O local foi visitado nesta terça-feira por jornalistas da AFP, que constataram que uma das construções estava destruída e o resto permanecia intacto, sem qualquer rastro de material militar.

Um dia após o ataque, os moradores do bairro continuam em choque. "Eu estava na cozinha, ouvi um barulho e as janelas se quebraram", contou Polina Puchintseva.

O edifício, a mais de 200 km da linha de frente, foi reduzido a escombros manchados pela fumaça preta.

O ataque com mísseis provocou um incêndio que deixou pelo menos 20 mortos e dezenas de feridos em um horário de muito movimento no shopping.

"Meu irmão chegou correndo em casa, pegamos documentos, dinheiro e fugimos", contou Polina.

"Tudo foi queimado. Escutei gritos, foi horrível. Eu conhecia funcionários do shopping", contou.

Depois de uma noite, ela voltou para casa na manhã desta terça-feira. "Não há palavras para explicar. Simplesmente mataram pessoas que não fizeram nada de errado", lamenta.

Nenhuma possibilidade de sobreviver

Quatro guindastes gigantes foram mobilizados para retirar os escombros. O estacionamento foi ocupado por caminhões de bombeiros, veículos de resgate e do exército ucraniano.

As operações foram suspensas por mais de uma hora após soarem as sirenes de alerta contra os bombardeios.

Antonina Chumilova observava tudo de seu salão de beleza, que teve a porta quebrada com o impacto.

Pouco antes do ataque russo, "ouvi a sirene de alerta e dez minutos depois, duas explosões com intervalo de um segundo", conta.

Neste momento, ela estava com um cliente. Eles correram para o interior do salão e esperaram antes de sair para a rua. "Em cerca de 15 minutos, estava tudo queimado", explicou.

Ivan Melekhovets, contou à AFP que "não há nenhuma possibilidade de sobreviver" a um incêndio com temperaturas muito altas como esta.

"O mais difícil é ver os corpos de adultos e crianças", desabafou o socorrista, que participou das buscas na segunda-feira.

"Agora trabalhamos para encontrar pessoas desaparecidas, entre 50 e 60", informou.