Ucrânia e Rússia se reúnem pela 1ª vez desde março para tratar de bloqueios a grãos
Ucrânia e Rússia iniciaram nesta quarta-feira (13) em Istambul discussões com diplomatas da ONU e da Turquia para tentar acabar com o bloqueio às exportações de grãos pelo Mar Negro, que fez disparar os preços e que provoca o risco de fome em muitos países.
As discussões entre as quatro partes, as primeiras incluindo russos e ucranianos cara a cara desde 29 de março, começaram às 14h15 (8h15 de Brasília) e buscam estabelecer corredores seguros no Mar Negro, informou à AFP uma autoridade turca.
A Ucrânia é um dos maiores exportadores mundiais de trigo e outros cereais. Cerca de 20 milhões de toneladas de grãos estão atualmente bloqueadas nos portos da região de Odessa pela presença de navios de guerra russos e minas, colocadas por Kiev, para defender sua costa.
Em entrevista ao jornal espanhol El País, o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba, mostrou-se relativamente confiante no resultado positivo desta reunião.
"Estamos a dois passos de chegar a um acordo com a Rússia", estimou Kuleba. "Se eles realmente quiserem, as exportações de grãos começarão em breve", acrescentou.
Mas Kuleba suspeita que a Rússia está bloqueando esses embarques para privar a Ucrânia de recursos: "Sabem que, se exportarmos, receberemos renda dos mercados internacionais e isso nos tornará mais fortes", disse.
A Turquia, membro da Otan e aliada de ambos os lados no conflito, diz que tem 20 navios mercantes esperando no Mar Negro que podem ser rapidamente carregados com grãos ucranianos.
Bombardeios no sul
A reunião em Istambul precede outra que vai acontecer na próxima semana em Teerã entre o presidente russo Vladimir Putin e o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, à margem de uma cúpula tripartida com o Irã sobre a Síria.
O objetivo de Erdogan é colocar Putin e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky na mesa de negociações, mas por enquanto a situação no terreno não parece permitir isso.
A Ucrânia aguarda uma nova ofensiva russa na região de Donetsk, que faz parte do Donbass, parcialmente sob o controle de separatistas pró-Rússia desde 2014.
A outra província do Donbass é Lugansk, que as forças russas afirmam estar totalmente sob seu controle.
O exército russo não lançou uma grande ofensiva desde que reprimiu os últimos redutos de resistência ucraniana em Lugansk no início deste mês.
No entanto, os bombardeios russos, no domingo, em um prédio residencial em Chasiv Yar, na mesma região, deixaram pelo menos 45 mortos, de acordo com o último balanço da segurança ucraniana.
Em Bakhmut, outra cidade de Donetsk, o fogo de artilharia foi ouvido nesta terça-feira no centro quase deserto da cidade.
"Não dá para fugir da guerra", resumiu Liubov Mokhaieva, agrônoma de 60 anos.
Na frente sul, a Ucrânia disse que atingiu as forças russas em Nova Kakhovka entre segunda e terça-feira, matando 52 soldados e destruindo um depósito de munição.
As autoridades de ocupação instaladas por Moscou denunciaram o ataque como um "ato de terrorismo" no qual casas foram destruídas.
Também no sul, em Mykolaiv, um ataque russo derrubou um prédio matando pelo menos cinco civis, disse o vice-chefe da administração presidencial, Kiril Tymoshenko.
Ajuda dos EUA e da UE
No contexto da guerra, os Estados Unidos acusaram o Irã de enviar "centenas de drones" para a Rússia, uma informação que Moscou se recusou a comentar nesta quarta-feira.
O Irã reagiu a essas declarações na terça afirmando que "não há desenvolvimento particular" de cooperação tecnológica entre Teerã e Moscou.
Os drones desempenham um papel crucial nos combates entre o exército russo e as forças ucranianas, detectando alvos para ataques de artilharia, realizando missões de reconhecimento e lançando ataques.
Washington anunciou na terça que alocaria mais US$ 1,7 bilhão em ajuda à Ucrânia.
Isso elevou a ajuda total dos EUA à Ucrânia desde o início da guerra para US$ 4 bilhões.
Em Bruxelas, os ministros das Finanças dos países da União Europeia (UE) aprovaram 1 bilhão de euros para a Ucrânia, elevando sua contribuição a Kiev para 2,2 bilhões de euros desde 24 de fevereiro, quando a Rússia lançou a invasão da Ucrânia.
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