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MP do Peru abre quarta investigação contra presidente Castillo em um ano

O presidente peruano Pedro Castillo durante evento em Aymara, próximo da fronteira com a Bolívia - Carlos Mamani/AFP
O presidente peruano Pedro Castillo durante evento em Aymara, próximo da fronteira com a Bolívia Imagem: Carlos Mamani/AFP

21/07/2022 17h42

O Ministério Público do Peru informou, nesta quinta-feira (21), que investigará o presidente Pedro Castillo por supostos crimes contra a justiça e de acobertamento pessoal, após as acusações lançadas por um ministro demitido.

"A procuradora da Nação decidiu iniciar uma investigação do presidente da República, Pedro Castillo, por suposto delito contra a Administração de Justiça - Acobertamento pessoal", anunciou no Twitter a instituição.

A abertura do caso ocorre na esteira de explosivas declarações de Mariano González, demitido do cargo de ministro do Interior (Casa Civil) por meio de um anúncio do presidente via Twitter na noite de segunda.

González exortou o Congresso na quarta-feira a destituir Castillo por considerar que o presidente obstrui a justiça e protege membros de seu círculo íntimo.

Horas antes de sua demissão, González havia anunciado a formação de uma equipe policial especial para capturar três pessoas do entorno presidencial investigadas pelo Ministério Público por suposta corrupção, foragidas desde junho.

- Obstrução -González, que estava no cargo havia apenas 15 dias, garante que sua saída abrupta está vinculada à proteção de aliados do presidente. "Creio que pelo esclarecimento da verdade e pelo país, o senhor [Castillo] deve se submeter à justiça", afirmou.

O ex-ministro compareceu nesta quinta-feira à Comissão de Fiscalização do Congresso e ratificou suas falas polêmicas contra o mandatário. "Há uma claríssima obstrução. É impossível trabalhar sem ter um sistema de inteligência adequado", disse.

O Parlamento avalia apresentar na próxima semana um novo pedido de impeachment contra Castillo, o terceiro de sua gestão, iniciada em meados de 2021.

Enquanto isso, o presidente abordou o assunto durante um ato público, alegando que seu governo está empenhado na luta contra a corrupção e relativizando as declarações do ex-ministro.

"Não temos tempo para nos distrairmos com outras coisas. Não estamos aqui para fazer circo, o país nos colocou aqui para trabalhar pela saúde, o desenvolvimento, a luta frontal contra a corrupção e as grandes brechas deixadas por governos anteriores", declarou Castillo durante uma entrega de ambulâncias doadas pelo Japão.

- Quatro investigações -Pedro Castillo, que em 28 de julho completará um ano no poder, acumula quatro investigações do Ministério Público contra si, contando a nova.

O caso que deflagrou a nova crise política no país tem a ver com três integrantes do entorno presidencial, hoje foragidos: um ex-ministro, um sobrinho que atuava como assessor e um ex-secretário da presidência. Castillo também é investigado.

Além disso, o MP investiga o presidente em outros três processos: por suposto tráfico de influência em um caso de promoções militares; outro por suposta corrupção e conluio agravado em um projeto de obras públicas e, por fim, por plágio em sua tese universitária.

No entanto, Castillo tem imunidade como chefe de Estado e não pode ser levado à justiça até o fim de seu mandato, em julho de 2026.