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União Europeia decide reduzir consumo de gás contra dependência da Rússia

Bandeira da União Europeia - Cristina Arias/Cover/Getty Images
Bandeira da União Europeia Imagem: Cristina Arias/Cover/Getty Images

26/07/2022 11h53

A União Europeia decidiu nesta terça-feira (26) reduzir o consumo de gás para ser menos dependente da Rússia, que anunciou um novo corte no fornecimento para a Europa e lançou bombardeios "maciços" no sul da Ucrânia.

"Não foi uma missão impossível! Os ministros [da Energia dos 27 Estados-membros] chegaram a um acordo político sobre a redução da demanda de gás para o próximo inverno", anunciou no Twitter a Presidência tcheca, que detém a presidência rotativa do Conselho da UE.

Diante da ameaça de uma crise energética alimentada pelos cortes de gás russos, os ministros, reunidos em Bruxelas, concordaram com um plano de economia proposto na semana passada pela Comissão. O conteúdo foi amplamente modificado, embora suas principais linhas permaneçam as mesmas.

O documento aprovado prevê que cada país faça "todo o possível" para reduzir o consumo de gás em pelo menos 15% entre agosto de 2022 e março de 2023, em relação à média dos últimos cinco anos do mesmo período.

Em caso de "grave risco de penúria", um mecanismo tornará obrigatória essa redução, mas o objetivo será adaptado às realidades de cada país por meio de uma série de isenções.

Na segunda-feira, a estatal russa Gazprom anunciou que reduzirá o fornecimento de gás para a Europa através do gasoduto Nord Stream para 33 milhões de metros cúbicos por dia a partir de quarta-feira. Este valor representa cerca de 20% da capacidade do gasoduto.

A Rússia alega a necessidade de manutenção de uma turbina, mas os países ocidentais acusam Moscou de usar sua energia como "arma" em resposta às sanções adotadas pela invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro.

Após cinco meses de um conflito que já causou milhares de mortos e milhões de deslocados, a Rússia continua bombardeando o leste e o sul do território, onde concentra sua ofensiva.

As autoridades ucranianas denunciaram nesta terça-feira uma série de ataques perto do porto de Odessa e na cidade de Mykolaiv, ambos às margens do Mar Negro.

"Chantagem" de Putin

"A UE está unida e solidária. A decisão de hoje deixou claro que os Estados-membros irão se opor a qualquer tentativa russa de dividir a UE usando o fornecimento energético como arma", declarou o ministro tcheco da Energia, Jozef Sikela, em Bruxelas.

Seu homólogo de Luxemburgo, Claude Turmes, comentou que reduzir o consumo de gás é "a melhor maneira de enfrentar a chantagem de Putin com o gás".

Dos 27 Estados-membros, a Hungria é o único país que se opôs ao texto, destacou.

"Esta é uma proposta injustificável, inútil, inaplicável e prejudicial", disse o ministro das Relações Exteriores da Hungria, Peter Szijjarto, à imprensa.

A redução de 15% no consumo de gás gerou receios em vários países-membros - incluindo Polônia, Espanha, Itália, Grécia e Portugal - que criticaram o fato de não ter considerado as especificidades de cada um.

A ministra espanhola para a Transição Ecológica, Teresa Ribera, denunciou um plano "injusto" e "ineficaz" para um país em que ainda está viva a memória dos planos de austeridade impostos por Berlim após a crise financeira de 2008.

O plano de economia de energia visa unir esforços em caso de emergência para ajudar sobretudo a Alemanha, altamente dependente do gás russo e cuja indústria está estreitamente ligada às de toda a UE.

"Se a indústria química na Alemanha tosse, toda a indústria europeia pode parar", alertou a ministra francesa da Transição Ecológica, Agnès Pannier-Runacher.

"A Alemanha cometeu um erro estratégico no passado" ao não mudar sua dependência de Moscou e o governo está trabalhando para mudar isso, disse o ministro alemão Robert Habeck, expressando o mea culpa de seu país.

Até o ano passado, cerca de 40% das importações de gás da UE vinham da Rússia.

Bombardeios "maciços"

No terreno, a ofensiva russa segue seu rumo. As autoridades ucranianas informaram nesta terça bombardeios russos "maciços" no sul, próximo aos portos de Odessa e Mykolaiv.

"Em Odessa, prédios residenciais nas aglomerações costeiras foram atingidos sem causar vítimas, segundo relatos iniciais", disse o Exército em nota no Facebook.

As Forças Armadas também informaram bombardeios na região de Mykolaiv, mais ao leste, onde "a infraestrutura portuária foi o alvo".

O governador regional de Mykolaiv, Vitali Kim, também relatou "enormes bombardeios" na cidade nesta terça-feira.

Esses novos ataques ocorrem depois de outro no sábado em Odessa, o maior porto da Ucrânia, apenas um dia após a assinatura de um acordo entre Kiev e Moscou para exportar cereais através de "corredores seguros" pelo Mar Negro.

O ataque gerou uma onda de condenações e levantou dúvidas sobre a possibilidade de implementação do acordo histórico, patrocinado pela ONU com a mediação da Turquia. Na segunda-feira, Kiev garantiu que espera retomar as exportações "nesta semana".

No leste, três civis foram mortos nas últimas 24 horas na região de Donetsk, segundo o governador Pavlo Kyrylenko.

Nessa região, que junto com Luhansk forma o Donbass, Toretsk, Avdivka, Márinka e Krasnogórivka também foram bombardeados na manhã desta terça-feira, segundo a mesma fonte. O funcionário também relatou ataques em Bakhmut e Sloviansk.