Rússia diz que drone atingiu seu QG na Crimeia; bombas assolam sul da Ucrânia
A Rússia informou, neste domingo (31), que um ataque com drone explosivo feriu seis pessoas na sede de sua frota no Mar Negro, na Crimeia anexada, enquanto as autoridades da cidade de Mykolaiv, no sul da Ucrânia, afirmaram enfrentar os bombardeios mais violentos desde o início da guerra.
O governador de Sebastopol, Mikhail Razvojayev, postou em sua conta do Telegram a seguinte mensagem: "Esta manhã, os nacionalistas ucranianos decidiram estragar o Dia da Frota Russa", que é comemorado na Rússia neste domingo.
Ele explicou que um drone havia pousado no pátio e relatou seis feridos entre os funcionários.
Todas as festividades do Dia da Frota Russa "foram canceladas por razões de segurança", disse Razvojayev, pedindo aos moradores de Sebastopol que não deixem suas casas "se possível".
As autoridades ucranianas, porém, negaram estar por trás desse ataque sem precedentes, descrevendo as acusações russas como "provocação deliberada".
O anúncio de um "suposto ataque ucraniano à sede da frota russa em Sebastopol" é "uma provocação deliberada", disse Serguii Bratchuk, porta-voz da administração regional de Odessa (sul da Ucrânia), em um vídeo no Telegram.
"A libertação da Crimeia ucraniana ocupada acontecerá de outra maneira muito mais eficiente", acrescentou.
Durante um discurso em São Petersburgo (nordeste da Rússia), o presidente Vladimir Putin anunciou que sua Marinha seria equipada "nos próximos meses" com um novo míssil de cruzeiro hipersônico Zircon, que "não conhece obstáculos".
A frota russa "é capaz de infligir uma resposta devastadora a todos aqueles que decidirem atacar a nossa soberania e liberdade", assegurou Putin, ressaltando que o seus equipamentos militares "estão sujeitos a melhorias contínuas".
A entrega dos mísseis Zircon "às Forças Armadas russas começará nos próximos meses", disse ele.
"Os mais fortes"
No sul da Ucrânia, as autoridades de Mykolaiv garantiram, neste domingo, que a cidade havia sido alvo de intensos bombardeios russos, provavelmente "os mais fortes" desde o início da guerra, que deixaram pelo menos dois mortos.
De acordo com o prefeito da cidade, Oleksandre Senkevych, "explosões poderosas" foram ouvidas duas vezes durante esta madrugada.
O governador da região, Vitali Kim, relatou duas mortes, um casal de civis.
Outros ataques atingiram as regiões de Kharkiv (leste) e Sumy (nordeste).
Na noite de sábado, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu aos moradores da região de Donetsk que deixassem a região para escapar do "terror russo" e dos bombardeios neste território no leste do país, em grande parte sob o controle de Moscou.
"Foi tomada uma decisão do governo sobre a evacuação obrigatória da região de Donetsk", disse Zelensky em vídeo.
"Quanto mais moradores deixarem a região de Donetsk agora, menos pessoas o exército russo matará", completou.
A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, já havia anunciado a evacuação compulsória da população de Donetsk, uma das duas regiões administrativas da bacia industrial do Donbass onde a Rússia está ganhando terreno.
Ela justificou a decisão pela destruição da rede de gás e pela ausência de aquecimento no próximo inverno na região.
Pelo menos 200.000 civis ainda vivem nos territórios da região de Donetsk que ainda não estão sob ocupação russa, segundo uma estimativa das autoridades ucranianas.
"Camuflar tortura"
Na sexta-feira, o bombardeio de um local em Olenivka - território ocupado pelos russos na região de Donetsk - e usado como prisão para soldados ucranianos capturados, deixou cerca de cinquenta mortos.
Um "crime de guerra russo deliberado", segundo Zelensky.
A autoridade ucraniana para os direitos humanos, Dmytro Lubinetsk, anunciou no sábado que pediu à Cruz Vermelha e à Missão de Monitoramento de Direitos Humanos das Nações Unidas, que em maio supervisionaram a rendição negociada com os russos dos defensores da fábrica de Azovstal em Mariupol (sudeste), para ir a Olenivka.
Após longas semanas de cerco e resistência na siderúrgica, cerca de 2.500 combatentes ucranianos se renderam e Moscou fez saber que eles seriam presos em Olenivka.
"Quando os defensores de Azovstal deixaram a fábrica, a ONU e o CICV agiram como garantidores da vida e saúde de nossos soldados", disse Zelensky na noite de sexta-feira, pedindo à ONU e à Cruz Vermelha que "reagissem".
A Rússia acusou as forças ucranianas, que rejeitaram, dizendo que Moscou ou os separatistas tentavam "encobrir a tortura de prisioneiros e as execuções perpetradas" no local.
Segundo Dmytro Lubinetsk, baseando-se na análise de imagens russas, "a explosão ocorreu de dentro" da prisão e não após um bombardeio.
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