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Em fase final, julgamento acusa Cristina Kirchner de 'pirâmide ilegal' na Argentina

Cristina Kirchner, atual vice-presidente e ex-presidente da Argentina - JUAN MABROMATA / AFP
Cristina Kirchner, atual vice-presidente e ex-presidente da Argentina Imagem: JUAN MABROMATA / AFP

01/08/2022 14h35

O julgamento contra a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, por suspeita de corrupção quando foi presidente, abriu a fase de alegações nesta segunda-feira (1º), em um caso que, se for condenada, poderia perder seus direitos políticos. Ela é acusada de liderar "uma associação ilegal de pirâmide" para desviar dinheiro público junto a seu falecido marido, o ex-presidente Néstor Kirchner.

Segundo o Ministério Público argentino, "está comprovado que existiu, entre 2003 e 2015, uma associação ilícita que teve no topo de seu funcionamento aqueles que foram chefes de Estado", disse o promotor Diego Luciani, ao considerar que os supostos ilícitos começaram no governo anterior de Néstor Kirchner.

Neste caso, no qual há outros 12 envolvidos, a investigação procura determinar se houve um direcionamento na concessão de obras públicas na província de Santa Cruz, no sul do país, reduto político dos Kirchner, concedidas ao empresário Lázaro Báez, e também se houve preços superfaturados.

Segundo o promotor, "houve um acordo para manter uma armação entre todos os envolvidos" para a realização das obras que, garantiu, geraram "perdas incomensuráveis para o Estado" e "continuam sem conclusão".

No entanto, uma auditoria realizada a pedido da Justiça pela Vialidad Nacional, uma entidade vinculada ao Ministério de Obras Públicas, determinou que os trabalhos foram finalizados.

A Unidade de Informação Financeira havia considerado "irresponsável avançar em uma acusação", desestimando os argumentos da promotoria sobre a existência dos crimes de administração fraudulenta e associação ilícita.

O presidente argentino, Alberto Fernández, que foi chefe de gabinete nos governos Kirchner, depôs pessoalmente no caso em fevereiro passado e respaldou a vice-presidente ao afirmar que "nunca houve distribuição arbitrária de fundos".

O MP exporá as alegações em nove audiências programadas para as próximas três semanas e depois será a vez da defesa.

O julgamento começou em 21 de maio de 2019, contou com mais de uma centena de testemunhas e teve que ser suspenso temporariamente em 2020 pela pandemia de covid-19.

Se for condenada, Kirchner ficará inabilitada politicamente.

Vários casos contra a vice-presidente de 69 anos por supostos crimes ocorridos em seus dois mandatos presidenciais foram arquivados, mas ela ainda é ré em cinco processos.

Em outubro do ano passado, foi arquivado o caso no qual Cristina Kirchner era acusada de acobertar os responsáveis pelo atentado contra a associação judaica AMIA, em Buenos Aires, ocorrido em 1994, e que deixou 85 mortos e 300 feridos.