Nigeriano é espancado até a morte em rua da Itália; pedestres não intervêm
O assassinato de um nigeriano de 39 anos em plena luz do dia nas ruas de uma cidade litorânea italiana, enquanto pedestres assistiam, provocou protestos e reacendeu uma antiga discussão sobre racismo e crimes contra imigrantes no país antes das eleições, a serem realizadas no próximo mês.
A esposa do nigeriano, Charity Oriachi, pede que o caso não seja ignorado: "Preciso de justiça para meu esposo. Isso é o que quero, porque a dor é muito grande para mim. Preciso de justiça".
Alika Ogorchukwu trabalhava como ambulante em uma rua de Macerata, uma comuna italiana da região dos Marche, quando foi perseguido, atingido com sua própria muleta e depois espancado até a morte por um cidadão italiano de 32 anos, que também roubou seu telefone celular, segundo a polícia da província.
O fato ocorreu às 14h de sexta-feira (29), no horário local, na principal rua central de Civitanova Marche. Ogorchukwu foi encontrado morto no local por paramédicos, conforme comunicado da polícia emitido no domingo (31).
Imagens em vídeo do ataque, que ocorreu na cidade costeira oriental de Civitanova Marche, foram capturadas por uma testemunha. Ninguém é visto na cena intervindo fisicamente para impedir a violência. Uma mulher pode ser ouvida gritando "pare, pare imediatamente" no vídeo, e um homem grita: "Você está matando ele".
Matteo Luconi, policial de Macerata, alegou à CNN que o assassinato "não foi racialmente motivado", e um comunicado da polícia no domingo disse que ele provavelmente ocorreu por "motivos mesquinhos".
O cidadão italiano de 32 anos Filippo Ferlazzo foi preso por assassinato e roubo, disse a polícia. Uma das advogadas de Ferlazzo, Federica Trifoglio, disse à CNN hoje que seu cliente tem problemas psicológicos e pretende apresentar um relatório psiquiátrico.
A embaixada nigeriana em Roma condenou o assassinato, dizendo que "o incidente ocorreu em uma rua movimentada e na frente de espectadores chocados, alguns dos quais fizeram vídeos do ataque, com pouca ou nenhuma tentativa de impedi-lo".
A embaixada disse estar colaborando com as autoridades italianas para garantir que a justiça seja feita e prestar assistência à família da vítima. A esposa do nigeriano, Charity Oriachi, disse a jornalistas que quer Justiça para seu marido. "Itália, não me deixe sozinha", pediu.
Manco após atropelamento
Francesco Mantella, advogado que representa a esposa de Ogorchukwu, disse à CNN que o nigeriano estava na Itália há cerca de nove anos com uma autorização de residência regular e trabalhava como vendedor ambulante.
Ele foi atropelado por um carro no ano passado, enquanto andava de bicicleta. "Desde então, usava uma muleta para ajudá-lo a se locomover'', disse Mantella.
"Ele vendia coisas pequenas, isqueiros e papel de seda'', disse o advogado. "Ele viajava todos os dias de sua casa, na pequena vila de San Severino Marche, para a cidade maior de Civitanova Marche, na esperança de fazer melhores negócios."
O prefeito de Civitanova Marche anunciou que as despesas do funeral de Ogorchukwu serão pagas pelo município e uma campanha de arrecadação de fundos foi iniciada para ajudar a viúva e seu filho de 8 anos.
O assassinato abalou o país, onde a extrema direita tenta ganhar maior apoio nas próximas eleições. Quatro anos atrás, um homem envolto em uma bandeira italiana atirou em seis imigrantes africanos em um ataque racial em Macerata, a menos de 32 km de onde Ogorchukwu foi morto.
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