Primeiro carregamento de grãos ucranianos chega à costa turca
O primeiro carregamento autorizado de grãos ucranianos desde o início da guerra em 24 de fevereiro chegou nesta terça-feira (2) à noite na costa norte de Istambul, no Mar Negro, em respeito a um acordo assinado entre Kiev e Moscou para tentar aliviar a crise alimentar mundial.
O cargueiro "Razoni", que deixou Odessa na segunda-feira com 26.000 toneladas de milho destinadas ao Líbano, deve passar a noite ancorado no mar.
Na quarta-feira, será inspecionado por uma equipe internacional na entrada do Bósforo, informou o Ministério da Defesa turco.
Esta é a primeira exportação autorizada pelo acordo assinado em 22 de julho em Istambul entre Ucrânia, Rússia, Turquia e as Nações Unidas para desbloquear portos ucranianos e aliviar os mercados agrícolas.
De acordo com fotógrafos e cinegrafistas da AFP no local, o navio, que tem mais de 186 metros de comprimento, podia ser visto da costa pouco antes das 19h00, hora local (13h00 no horário de Brasília).
O porta-voz do secretário-geral da ONU, Stephane Dujarric, disse que esperava "mais saídas amanhã".
Por sua vez, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, disse esperar mais "regularidade". "Quando um navio sai de um porto, outros devem estar esperando sua vez, sendo carregados ou chegando a um porto", disse.
- Navios "esperam sua vez" -
De acordo com Kiev, outros 16 navios cargueiros de grãos "estão esperando sua vez" para zarpar de Odessa, uma importante cidade portuária que, antes da guerra, concentrava 60% da atividade marítima do país.
O pacto prevê a implementação de corredores seguros para permitir a circulação de navios mercantes no Mar Negro.
Rússia e Ucrânia são grandes potências agrícolas, e seu trigo, milho e girassol, em particular, abastecem o mercado mundial.
Estima-se que entre 20 e 25 milhões de toneladas de grãos tenham sido bloqueadas nos portos ucranianos desde o início da invasão em 24 de fevereiro, elevando os preços.
Um acordo semelhante assinado na mesma época também garante a Moscou a exportação de seus produtos agrícolas e fertilizantes, apesar das sanções ocidentais.
- Evacuações em Donetsk -
No terreno, as forças russas continuam bombardeando cidades ucranianas.
Kiev informou que a região leste de Donetsk, no centro da ofensiva russa, começou a ser evacuada compulsoriamente, depois que Zelensky pediu às 200.000 pessoas que ainda permanecem lá para deixar a área.
A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, informou que um trem "com mulheres, crianças, idosos, muitas pessoas com mobilidade reduzida" chegou á cidade de Kropivnitski, no centro do país, nesta terça-feira pela manhã.
Mais de 130 pessoas foram evacuadas da região de Donetsk, segundo o governador Pavel Kyrylenko.
O objetivo é que os moradores saiam da área antes da chegada do frio invernal, já que as tubulações de gás para aquecimento foram cortadas, segundo as autoridades.
No sul do país, o chefe da administração militar de Kryviy Rih, Oleksander Vilkul, relatou no Telegram a morte de dois civis que estavam a bordo de um micro-ônibus tentando deixar a região de Kherson, controlada por Moscou.
A cidade de Mykolaiv (sul) voltou a ser "massivamente bombardeada" na noite de segunda para terça. De acordo com o prefeito, os ataques danificaram o dormitório da universidade local.
O prefeito disse ainda que 403 pessoas foram mortas na região desde o início da invasão, mas que espera que a contra-ofensiva reduza os bombardeios.
Mykolaiv é o maior centro urbano controlado pela Ucrânia perto das linhas de frente na região de Kherson, onde os militares ucranianos lançaram uma contra-ofensiva para recuperar o controle do território costeiro econômica e estrategicamente importante.
Dmytro Butriy, chefe das autoridades ucranianas em Kherson, disse nesta terça-feira que 53 cidades sob controle russo foram recuperadas até agora.
A artilharia é decisiva neste conflito, em que os exércitos ucraniano e russo procuram desgastar as forças inimigas à distância.
Principal apoiador da Ucrânia, os Estados Unidos anunciaram na segunda-feira o envio de um novo pacote de armas no valor de US$ 550 milhões, que incluirá munição para lançadores de mísseis HIMARS e 75.000 morteiros de 155 mm.
Até agora, Washington forneceu mais de US$ 8 bilhões em ajuda militar.
Na Rússia, a Suprema Corte designou nesta terça-feira o regimento ucraniano Azov, famoso por ter defendido a cidade de Mariupol, como uma "organização terrorista". A decisão pode levar a duras acusações contra os combatentes feitos prisioneiros pelas forças russas.
bur-emp/thm/es/zm/mr/tt/am
© Agence France-Presse
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