Coreia do Norte diz que venceu covid-19 após surto em maio
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, declarou nesta quinta-feira (11) a "vitória" sobre o surto de covid-19 que afetou o país e que, segundo revelou sua irmã à imprensa estatal, ele contraiu.
Presidindo uma reunião com profissionais de saúde e cientistas, Kim anunciou a "vitória na guerra contra a doença pandêmica maligna", segundo a agência de notícias estatal KCNA.
O país isolado, que impôs fechamentos rígidos de fronteiras desde o início da pandemia, anunciou um surto da variante ômicron na capital Pyongyang em maio e ativou "um sistema máximo de prevenção de epidemias de emergência".
A Coreia do Norte cita "pacientes com febre" em vez de "pacientes com covid" em seus relatórios, aparentemente devido à baixa capacidade de diagnóstico de seu sistema de saúde.
Desde 29 de julho, as autoridades não relataram novos casos.
Segundo a KCNA, Kim disse que "a vitória conquistada por nosso povo é um evento histórico que mais uma vez demonstra ao mundo a grandeza de nosso Estado, a tenacidade indomável de nosso povo e os belos costumes nacionais dos quais nos orgulhamos".
No final do discurso de Kim, "os participantes soltaram gritos estrondosos de 'viva!' repetidamente, lembrando em lágrimas os grandes feitos e o serviço devotado ao povo que (Kim) fez para alcançar uma vitória brilhante que ficará gravada na história", afirmou a KCNA.
Em outra informação divulgada pela agência, a influente irmã do líder norte-coreano, Kim Yo Jong, revelou que o governante ficou doente durante o surto de covid.
Kim "sofreu febre alta durante os dias desta guerra de quarentena, mas não podia ficar deitado nem por um momento porque pensava no povo pelo qual é responsável", disse a irmã.
Esta é a primeira vez que uma autoridade norte-coreana revela que o dirigente do país, que sempre teve sua saúda vigiada de perto pelos analistas, foi infectado pelo vírus.
Ameaças a Seul
Kim Yo Jong também atribuiu o surto de covid à Coreia do Sul por permitir que ativistas enviem balões com propaganda e dólares americanos para o outro lado da fronteira. Ela disse que tais objetos carregavam o vírus.
A irmã de Kim acusou Seul de "crime contra a humanidade" e ameaçou o vizinho com fortes represálias. Se os balões continuarem, "responderemos não apenas erradicando o vírus, mas também as autoridades sul-coreanas", declarou.
O ministério sul-coreano da Unificação respondeu que esta é uma "afirmação sem fundamento" e lamentou que Pyongyang faça "comentários desrespeitosos e ameaçadores".
A Coreia do Norte registrou quase 4,8 milhões de infecções desde o final de abril, com apenas 74 mortes de acordo com o balanço oficial, o que representa uma taxa de letalidade de 0,002%, segundo a KCNA.
O regime comunista tem um dos piores sistemas de saúde do mundo, com hospitais mal equipados, poucas unidades de terapia intensiva e nenhum tratamento ou vacinas contra a covid, afirmam os especialistas.
Em contraste, a Coreia do Sul, com um sistema de saúde muito mais avançado e uma grande porcentagem da população vacinada, tem uma taxa de letalidade de 0,12%, segundo dados oficiais.
O analista Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha de Seul, interpreta o anúncio de Kim e as declarações de sua irmã como um sinal de que Pyongyang deseja passar a outras prioridades como "estimular a economia ou executar um teste nuclear".
"A retórica bélica de Kim Yon Jong é preocupante não apenas porque tenta culpar a Coreia do Sul pelo surto de covid, mas também porque tenta justificar a próxima provocação militar da Coreia do Norte", disse.
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