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Disputa para suceder Boris Johnson entra na reta final no Reino Unido

A ministra das Relações Exteriores, Liz Truss, é grande favorita para a vaga - GETTY IMAGES
A ministra das Relações Exteriores, Liz Truss, é grande favorita para a vaga Imagem: GETTY IMAGES

29/08/2022 09h35Atualizada em 29/08/2022 09h45

A eleição do novo líder conservador britânico, que assumirá automaticamente o cargo de primeiro-ministro como sucessor de Boris Johnson, entrou nesta segunda-feira (29) na última semana, com a ministra das Relações Exteriores, Liz Truss, como grande favorita, em um cenário econômico e social complicado.

Truss, de 47 anos, supera por mais de 30 pontos o ex-ministro das Finanças Rishi Sunak nas pesquisas mais recentes entre os filiados do Partido Conservador, que decidirão a disputa, iniciada em julho, quando Johnson se viu obrigado a renunciar, pressionado por vários escândalos.

Os militantes conservadores votam por correio ou online desde o início de agosto para designar seu novo líder em um processo que termina na sexta-feira.

O vencedor será anunciado na próxima segunda-feira, 5 de setembro, e assumirá imediatamente o comando do governo para enfrentar a crise econômica que afeta o país, em um contexto de protestos e greves, com inflação acima de 10% e que deve superar 13% até o fim do ano.

Oito candidatos conservadores entraram na disputa em julho para suceder o controverso Johnson. Os deputados do partido reduziram o confronto para apenas dois nomes, após sucessivas votações eliminatórias.

Mas a votação final cabe aos filiados ao partido.

O Reino Unido conhecerá dentro de uma semana o novo chefe de Governo, eleito apenas por 200.000 filiados ao Partido Conservador, enquanto o restante do país observa impotente com um interesse relativo.

Redução de impostos ou ajudas públicas?

Com os britânicos preocupados com o aumento do custo de vida, em particular com a elevação a partir de outubro de 80% do teto da tarifa de energia, os dos candidatos participaram em vários debates e visitaram diversas cidades durante a campanha.

Sunak, de 42 anos, um bilionário ex-executivo de banco, neto de imigrantes indianos, era o grande favorito entre os deputados conservadores.

Mas ao disputar a liderança na base do partido com a ministra das Relações Exteriores, que passou à última etapa por apenas oito votos, ele começou a perder terreno, acusado por muitos de ter precipitado a renúncia de Johnson com o próprio pedido de demissão em julho.

"Em um partido que evoluiu para o populismo, ela (Liz Truss) soube apresentar-se de maneira mais autêntica, mais natural que Rishi Sunak, que se parece mais com a elite globalizada", destaca Tim Bale, cientista político da Universidade Queen Mary de Londres.

Truss "consegue transmitir facilmente as mensagens conservadoras tradicionais", afirma John Curtice, professor da Universidade de Strathclyde.

A campanha foi dominada por um tema: como responder à crise econômica e social.

Truss prometeu cortes imediatos de impostos, afirmando que a iminente recessão não é inevitável e que as mudanças após o Brexit das regras comerciais e financeiras herdadas da União Europeia permitirão estimular o crescimento.

Sunak defendeu a necessidade de manter os aumentos de impostos decididos por ele mesmo antes de deixar o ministério das Finanças e de oferecer ajudas públicas aos mais necessitados. E acusou a rival de defender uma "economia de conto de fadas".

Caso confirme o favoritismo, Truss será a terceira primeira-ministra na história do país, depois das também conservadoras Margaret Thatcher (1979-1990) e Theresa May (2016-2019).

As próximas eleições gerais estão previstas para janeiro de 2025 no mais tardar e as pesquisas mostram o opositor Partido Trabalhista com 13 pontos de vantagem sobre o Partido Conservador, que está há 12 anos no poder.