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Ataque jihadista a escola em Uganda deixa 41 mortos, a maioria estudantes

Famílias em choque após ataque jihadista a escola de Uganda. Pelo menos 37 pessoas, a maioria estudantes, foram mortas por um grupo ligado ao Estado Islâmico - AFP
Famílias em choque após ataque jihadista a escola de Uganda. Pelo menos 37 pessoas, a maioria estudantes, foram mortas por um grupo ligado ao Estado Islâmico Imagem: AFP

17/06/2023 09h01

Ao menos 41 pessoas, a maioria estudantes, morreram em um ataque de um grupo vinculado à organização jihadista Estado Islâmico contra uma escola de ensino médio no oeste do Uganda, muito perto da fronteira com a República Democrática do Congo.

O grupo "ateou fogo a um dormitório e saqueou uma loja de comida" do estabelecimento, indicou, neste sábado (17), o porta-voz da polícia ugandesa, Fred Enanga, que atribuiu o "ataque terrorista" à milícia ADF (Forças Aliadas Democráticas, na sigla em inglês), que tem seu bastião no leste da RD do Congo.

Oito pessoas foram resgatadas com vida, mas estão "em situação crítica" no hospital da localidade de Bwera.

Funcionários e testemunhas detalharam que, durante o ataque, foram utilizadas armas de fogo e facões.

Sylvester Mapozi, prefeito de Mpondwe Lhubiriha, onde ocorreu o ataque, havia informado anteriormente que 39 estudantes tinham morrido dentro da escola.

"Durante a fuga, os agressores também assassinaram duas pessoas, uma mulher e um homem. Isso eleva o número para 41", detalhou.

Um sobrevivente descreveu agressores que portavam armas de fogo e facões atirando dentro do dormitório depois de dispararem através das janelas.

Os rebeldes fugiram para Virunga, na fronteira entre Uganda e Ruanda, um santuário mundialmente conhecido para espécies raras, entre elas o gorila da montanha.

Dezenas de milícias ativas no leste da República Democrática do Congo também usam o parque como esconderijo.

"Os responsáveis por este ato assustador devem ser levados à justiça", afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres.

- Fechado com chave -

O general Dick Olum disse à AFP que, de acordo com as informações coletadas, os milicianos estavam na área há pelo menos dois dias. Ele alegou que os agressores tinham informações detalhadas sobre a escola. 

"Eles sabiam onde ficavam os dormitórios masculino e feminino", disse Olum. 

"Os rebeldes trancaram o quarto dos meninos com chave e atearam fogo. A seção das meninas não estava trancada, então elas conseguiram fugir, mas quando o fizeram, algumas foram atacadas com facões e outras baleadas", explicou o militar. 

Segundo ele, alguns dos corpos estão tão carbonizados que serão necessários exames de DNA para identificá-los. 

O general Olum especificou que solicitou reforços e aviões para resgatar os reféns e localizar os esconderijos dos rebeldes.

- Recompensa de US$ 5 milhões -

A milícia ADF começou como um grupo insurgente em Uganda, de maioria muçulmana, e se estabeleceu no leste da República Democrática do Congo em meados da década de 1990. Desde então, foi acusada de matar milhares de civis. 

Em 2019, jurou lealdade ao grupo Estado Islâmico, que apresenta os combatentes das ADF como um braço local na África Central. Eles são acusados de ataques jihadistas na RD do Congo e em solo ugandense. 

O ataque deste fim de semana não é o primeiro contra uma escola em Uganda atribuído às ADF. 

Em junho de 1998, 80 estudantes foram queimados vivos em seus dormitórios durante um ataque das ADF ao Instituto Técnico de Kichwamba, perto da fronteira com a RD do Congo. Mais de 100 estudantes foram sequestrados.

Uganda e a República Democrática do Congo lançaram uma ofensiva conjunta em 2021 para expulsar as ADF de seus redutos congoleses, mas, até agora, essas operações não conseguiram impedir os ataques do grupo. 

Os Estados Unidos anunciaram no início de março uma recompensa de até US$ 5 milhões (R$ 24 milhões na cotação atual) por qualquer informação que possa levar à prisão de seu líder, um ugandense de 40 anos chamado Musa Baluku.

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© Agence France-Presse