Parentes de reféns israelenses fazem réplica de túneis do Hamas

Parentes de reféns israelenses retidos em Gaza apresentaram neste sábado (13), em Tel Aviv, uma réplica dos túneis do movimento islamista palestino Hamas, onde acreditam que seus entes queridos ainda estão cativos, 100 dias após sua captura.

A instalação de 30 metros de comprimento foi inaugurada em frente ao Museu de Arte de Tel Aviv. Eyal Moar, sobrinha de um refém, afirmou estar ciente de que era apenas "uma pequena parte" da experiência vivida por seu tio Abraham Munder, de 79 anos.

Munder foi uma das cerca de 250 pessoas capturadas no ataque dos combatentes do Hamas em Israel, que resultou em cerca de 1.140 mortes, na maioria civis, segundo um balanço da AFP com base em dados oficiais.

"Sabemos que as condições são horríveis: sem ar fresco, muito pouca comida, sem medicamentos, sem luz do dia, dormindo no chão", disse Moar à AFP.

A instalação foi projetada pelo artista israelense Roni Levavi, que buscou criar "a reconstrução mais fiel" dos túneis de Gaza. Para isso, baseou-se nas imagens divulgadas pela mídia, declarou à AFP.

Os israelenses estão convencidos de que os reféns estão retidos nesta extensa rede de túneis construídos abaixo da Faixa de Gaza.

No interior, há pouca luz e ouvem-se sons de tiros e bombardeios. O chão é sujo. "Dá uma ideia do que os reféns estão sentindo há tantos dias", afirmou Levavi.

"É o único túnel que tem uma luz no final", opinou Inbar Goldstein. Vários de seus familiares foram libertados durante uma trégua de uma semana em novembro. No entanto, outros morreram em 7 de outubro.

As autoridades israelenses estimam que, dos cerca de 250 reféns capturados, 132 ainda estão retidos em Gaza, incluindo 25 que se acredita terem falecido.

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- 'Não é suficiente' -

Mais de 100 reféns foram libertados durante a trégua de novembro, mas o destino dos demais ainda não está claro.

O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, informou na sexta-feira que os reféns receberão medicamentos por meio de um acordo negociado através do Catar.

"Não é suficiente", disse Ella Ben Ami, cujo pai, Ohad Ben Ami, de 55 anos, ainda está em cativeiro.

"Eu o quero em casa, no hospital, com boa assistência médica, não com assistência médica do Hamas", insistiu.

Israel bombardeia Gaza desde 7 de outubro. Os ataques aéreos deixaram pelo menos 23.843 mortos até o momento, na maioria mulheres e menores, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas desde 2007.

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Os militares israelenses afirmam que os combatentes do Hamas transportam os reféns através do que chamam de "túneis do terror". Eles também os usam para armazenar armas e se abrigar dos bombardeios.

Para os parentes dos reféns, a sensação de estar preso em um túnel, mesmo que seja uma réplica, foi angustiante.

"Estive lá por cinco minutos e só queria sair correndo", contou Ben Ami. "Eu tinha a opção de fugir, mas eles não."

mby/jxb/jd/kir/sag/am

© Agence France-Presse

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