Peru avalia fechamento temporário de Machu Picchu após quatro dias de protestos

O Peru anunciou na segunda-feira (29) que avalia suspender temporariamente as visitas a Machu Picchu, após quatro dias de protestos de moradores contra a "privatização" da venda de entradas para essa cidadela inca.

Segundo a ministra da Cultura, Leslie Urteaga, os líderes da mobilização pleitearam o fechamento por segurança, diante da falta de diálogo para levantar a medida, com o fechamento de lojas, marchas e bloqueios na via férrea.

"Vamos avaliar os pedidos feitos por esse coletivo, que inclui fechar a cidadela. Isso seria doloroso para todos, mas vamos avaliar", afirmou Urteaga na mídia estatal.

No fim de semana, foram evacuados de trem mais de 1.200 turistas peruanos e estrangeiros, que ficaram presos em meio aos protestos, alguns dos quais não conseguiram entrar no complexo pré-hispânico. A polícia organizou e resguardou a saída, após os bloqueios das vias.

O serviço de trem, principal meio de transporte no local, está suspenso desde sexta-feira.

A ministra acrescentou que o governo só dialogará se a paralisação, que deixa perdas diárias de um milhão de soles (1,31 milhão de reais), for interrompida.

Os líderes dos protestos anunciaram na segunda-feira à noite uma trégua de 24 horas nesta terça-feira (30) para permitir um diálogo com o governo e alcançar uma solução para a greve.

"Declaramos uma trégua de 24 horas para possibilitar uma mesa de diálogo. Esperamos que termine em uma solução para este problema", declarou o secretário-geral de Defesa do Patrimônio Cultural do Turismo, Alfredo Cornejo.

O protesto foi organizado por grupos do distrito de Machu Picchu Pueblo, no departamento de Cusco, em repúdio à decisão do Ministério da Cultura de contratar um intermediário privado para gerenciar a venda online dos ingressos.

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Inicialmente, o governo havia alegado problemas com sua plataforma, mas nesta segunda denunciou um foco de corrupção na gestão dos bilhetes que cedia para a venda nos guichês.

"Todos os esforços vêm sendo feitos para romper com uma máfia que vem ilegalmente mal utilizando a questão das entradas e não vamos dar um passo atrás na necessidade de mudar esse modelo de corrupção", disse o chefe de gabinete, Alberto Otálora.

O Ministério da Cultura contratou a empresa peruana Joinnus para o comércio online dos ingressos para Machu Picchu e a rede de trilhas incas.

No entanto, comerciantes e operadores turísticos se opõem ao novo sistema, que começou a funcionar há nove dias, pois acreditam ser o primeiro passo para a privatização do lugar.

A cidadela recebe em média uns 4.500 visitantes por dia. Sob o novo sistema, o governo reservou cerca de 1.000 entradas diárias para venda direta no Centro Cultural de Machu Picchu Pueblo.

Patrimônio Cultural da Humanidade desde 1983, Machu Picchu, localizado a 130 quilômetros da cidade de Cusco e a 2.438 metros de altitude, foi construído no século XV por ordem do imperador inca Pachacutec (1438-1470).

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© Agence France-Presse

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