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Chanceler ucraniano vai à China pedir ajuda para pôr fim à guerra

O ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba, chegou nesta terça-feira (23) à China para discutir como o país asiático pode ajudar a acabar com a guerra com a Rússia, com quem Pequim estreitou relações desde o início do conflito.

A China apresenta-se como um ator neutro no conflito e destaca que não envia ajuda a nenhum dos lados, ao contrário dos Estados Unidos e de outras nações ocidentais.

No entanto, sua aliança "sem limites" com a Rússia levou a Otan a acusar Pequim de ser um "facilitador decisivo" da ofensiva de Moscou contra a Ucrânia, que o país comunista nunca condenou.

A visita de Kuleba, que vai até sexta-feira, é a primeira à China desde o início da guerra em fevereiro de 2022.

As autoridades ucranianas dizem que a viagem se concentrará em abordar "formas de impedir a agressão russa" e "o possível papel da China na obtenção de uma paz justa e sustentável".

A China disse nesta terça-feira que as conversas se concentrariam na "promoção da cooperação sino-ucraniana e outras questões de interesse comum".

"Do lado da paz"

"Sobre a crise ucraniana, a China sempre acreditou que um cessar-fogo rápido e um entendimento político servirão aos interesses comuns de todas as partes", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, nesta terça-feira.

"A China continuará do lado da paz e do diálogo", acrescentou.

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A China tentou posicionar-se como mediadora na guerra e mandou à Europa seu enviado especial para assuntos eurasiáticos, Li Hui, em diversas ocasiões.

O presidente chinês, Xi Jinping, disse este mês ao primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, que as potências mundiais tinham de ajudar a Rússia e a Ucrânia a reiniciar as negociações.

A China também publicou um documento no ano passado apelando a uma "solução política" para o conflito, mas recebeu críticas ocidentais por permitir que a Rússia mantivesse parte do território ucraniano invadido.

No entanto, o país asiático foi uma das ausências notáveis da cúpula de paz realizada no mês passado na Suíça, para a qual a Rússia não foi convidada.

Alexander Gabuev, diretor do Carnegie Russia Eurasia Center, acredita que Kiev aproveitará esta semana para tentar "convencer a China a participar de uma segunda cúpula de paz".

A China tornou-se um apoio político e econômico crucial para uma Rússia isolada pelo Ocidente desde o início da invasão.

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Os Estados Unidos ameaçaram sancionar as instituições financeiras chinesas ligadas à máquina de guerra da Rússia e tanto o país americano como a Europa acusaram Pequim de vender a Moscou componentes e equipamentos necessários à sua produção de armas.

Segundo Gabuev, Pequim pode aproveitar esta visita de Kuleba para obter uma compensação em troca da participação na segunda cúpula de paz.

A China pode "aproveitar o interesse ucraniano em uma segunda cúpula de paz (...) para escapar às sanções" dos países ocidentais, estimou.

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