Espanha rejeita acusações de que tenta 'desestabilizar' a Venezuela

A Espanha rejeitou, neste domingo (15), as acusações da Venezuela de promover um plano para "desestabilizar" o governo de Caracas, após a detenção no sábado de três americanos, dois espanhóis e um tcheco no país sul-americano por supostas conexões com um complô contra o presidente Nicolás Maduro.

"A Espanha desmente e rejeita veementemente qualquer insinuação de estar envolvida em uma operação de desestabilização política na Venezuela", disse uma fonte do Ministério das Relações Exteriores espanhol à AFP.

Declarou ainda que o governo espanhol "verificou" que os dois detidos espanhóis "não fazem parte" da agência de espionagem espanhola CNI "ou de qualquer outra organização estatal" e reforçou que "a Espanha defende uma solução democrática e pacífica para a situação na Venezuela".

As detenções ocorrem em meio ao aumento das tensões entre a Venezuela e os governos dos Estados Unidos e da Espanha devido às controversas eleições de 28 de julho, nas quais Maduro foi proclamado reeleito, apesar das alegações de fraude.

O ministro do Interior venezuelano, Diosdado Cabello, afirmou que os estrangeiros detidos estavam envolvidos em planos "terroristas", que incluíam atentados contra a vida do presidente Maduro e a desestabilização do país.

Cabello identificou os detidos como Wilbert Josep Castañeda, um "militar ativo" dos Estados Unidos e "chefe" do plano, e outros dois americanos, além dos espanhóis José María Basoa e Andrés Martínez Adasme, e um cidadão tcheco.

O ministro vinculou os supostos planos para "atacar" a Venezuela aos centros de inteligência da Espanha, dos Estados Unidos, e à líder da oposição, María Corina Machado, além de outros dirigentes.

- "Contingente de mercenários" -

Os dois espanhóis foram capturados em Puerto Ayacucho, no sul, e "fazem parte de um contingente de mercenários do governo espanhol, através de sua central de inteligência, para atacar o país", disse Cabello.

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O ministro também acusou o governo dos Estados Unidos de estar envolvido na operação, uma alegação que Washington negou veementemente.

"Qualquer afirmação sobre a participação dos Estados Unidos em um complô para derrubar Maduro é categoricamente falsa. Os Estados Unidos continuam apoiando uma solução democrática para a crise política na Venezuela", disse um porta-voz do Departamento de Estado americano.

Os dois cidadãos espanhóis estavam de férias na Venezuela, afirmou o pai de Martínez Adasme ao jornal El Mundo.

"Meu filho não trabalha para o CNI, claro que não", afirmou. "Estamos esperando informações por meio consular e da embaixada", explicou, "ainda não sabemos sob qual acusação ou motivo ele foi detido".

A tensão entre Madri e Caracas aumentou nos últimos dias depois que o candidato opositor Edmundo González Urrutia desembarcou há uma semana na Espanha para pedir asilo, após um mês de clandestinidade em seu país, onde é alvo de um mandado de prisão.

Em resposta, a Venezuela convocou sua embaixadora em Madri para consultas e citou o embaixador espanhol em Caracas para protestar contra as críticas à reeleição de Maduro.

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O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, se reuniu esta semana em La Moncloa com González.

- "Ditatorial" -

Sánchez não reconhece a vitória de Maduro nem a de seu rival. O premiê espanhol tem insistido, em consonância com a posição da União Europeia, na publicação das atas eleitorais.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, descreveu o governo de Nicolás Maduro como "ditatorial" durante uma entrevista à rede espanhola Telecinco transmitida neste domingo. 

"Na Venezuela há mais de 2 mil pessoas detidas arbitrariamente após as eleições, o líder da oposição teve que fugir, os partidos políticos estão sujeitos a mil limitações nas suas ações. é um regime ditatorial e autoritário", disse Borrell.

A declaração provocou críticas do ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, que descreveu Borrell como um "porta-voz do mal" e o acusou de "transformar a União Europeia em uma instituição decrépita, colonialista e bélica".

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Washington, que reconhece a vitória da oposição, anunciou nesta semana sanções contra 16 funcionários venezuelanos, incluindo a presidente do Tribunal Supremo de Justiça, por "fraude eleitoral" de 28 de julho.

A Venezuela considerou a decisão americana uma "agressão", e Maduro condecorou quatro militares que foram alvo de sanções.

bur-ds/es/pc/jb/yr/jb/am

© Agence France-Presse

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