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Venezuela rejeita ordem de prisão 'nula' e 'ridícula' da Justiça argentina contra Maduro

O governo venezuelano repudiou, nesta terça-feira (24), uma ordem de prisão "nula" e "ridícula" emitida pela Justiça argentina contra o presidente Nicolás Maduro, acusado de violar os direitos humanos.

Na segunda-feira, a Câmara Federal de Buenos Aires decidiu pela captura do mandatário venezuelano, com a divulgação do alerta vermelho da Interpol, amparando-se no princípio da jurisdição universal.

"A Venezuela repudia a decisão nula de uma instância do desprestigiado poder Judiciário argentino", afirmou o Ministério das Relações Exteriores venezuelano em um comunicado.

A pasta apontou que a decisão "carece de fundamentos de competência e violenta a jurisdição dos Estados e as imunidades e privilégios de que gozam os presidentes e altos funcionários".

A justiça venezuelana já havia emitido anteriormente uma ordem de prisão contra o presidente argentino, Javier Milei, e dois altos funcionários de seu governo, acusando-os de "roubo" de um avião de carga que foi apreendido na Argentina em 2022 e entregue este ano aos Estados Unidos.

A ordem contra Maduro e funcionários de seu governo se refere a duas denúncias de 2023. Naquele ano, a Fundação de George e Amal Clooney (CFJ, em inglês) denunciou o governo venezuelano por violações dos direitos humanos à justiça argentina, citando o princípio da jurisdição universal. Meses antes, a ONG de defesa dos direitos humanos argentina FADD também tinha apresentado uma denúncia penal contra Maduro e sua equipe por crimes de lesa-humanidade.

As duas ações foram, então, reunidas em um único caso e, na segunda-feira, a corte argentina determinou a existência de "um plano sistemático de repressão, desaparecimento forçado de pessoas, torturas, homicídios e perseguição contra uma parte da população civil, desenvolvido - pelo menos - desde o ano 2014 até o presente".

O governo venezuelano criticou a "decisão ridícula", que "busca reforçar a progressiva destruição do Estado de Direito Internacional, pretendendo se sobrepor às competências dos organismos multilaterais, diminuindo seu papel".

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, destacou, em uma coletiva de imprensa nesta terça-feira, que mais de 2.500 funcionários de segurança foram acusados de "violações aos direitos humanos" no país desde 2017, com 581 condenações.

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"Não temos dupla moral", acrescentou. "Investigamos as violações de direitos humanos que ocorrem em nosso país como um assunto de Estado".

"O que a justiça argentina fez em relação à violação dos direitos humanos? Nada!", afirmou o procurador. Não é da sua competência "processar casos de violações de direitos humanos na Venezuela".

A justiça argentina aplicou a jurisdição universal em 2010, quando abriu uma ação por crimes contra a humanidade cometidos na Espanha durante a ditadura de Francisco Franco.

Em 2021, abriu uma investigação sobre as acusações de crimes por parte de militares birmaneses contra a minoria muçulmana em Mianmar, e em 2022, iniciou uma investigação criminal contra o presidente nicaraguense, Daniel Ortega.

Outro antecedente famoso da aplicação deste princípio ocorreu quando, em 1998, o ex-ditador chileno Augusto Pinochet foi detido em Londres após uma ordem de prisão do juiz espanhol Baltasar Garzón.

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