Melania Trump mantém discrição em livro de memórias

Como primeira-dama, Melania Trump era uma incógnita para os americanos. Em seu livro de memórias, ela segue a mesma linha, e deixa mais perguntas do que respostas.

A ex-modelo, uma imigrante da Eslovênia que se casou em 2005 com o então playboy e magnata de Manhattan Donald Trump, ganhou as manchetes ao usar "Melania", seu livro de 182 páginas, para expressar sua posição em favor do direito ao aborto.

A opinião de Melania contrasta com a de seu marido, o ex-presidente e candidato à reeleição Donald Trump, que se orgulha de que sua principal vitória como presidente tenha sido a indicação dos juízes da Suprema Corte que eliminaram o direito nacional ao aborto.

Não se sabe por que Melania, 54, tornou pública sua posição um mês antes das eleições presidenciais. Quer ressaltar sua independência? Ou estaria ajudando o marido a atrair os eleitores de centro que acham que os republicanos estão indo longe demais?

Melania não responde nem a essa, nem a muitas outras perguntas em seu livro, vendido por US$ 40 (R$ 221). O lançamento acompanha uma lista impressionante de outros produtos familiares vendidos na campanha eleitoral, desde um relógio de ouro de Donald Trump até uma Bíblia e um criptoativo anunciados pelo ex-presidente e por seus filhos.

- Dúvidas -

A ex-primeira-dama não reconhece a derrota de Trump nas eleições de 2020 e afirma que, "até hoje, muitos americanos têm dúvidas" sobre o pleito. "Não sou a única pessoa que questiona os resultados."

Melania também diz que não sabia que apoiadores de seu marido estavam invadindo o Capitólio em 6 de janeiro de 2021 para tentar impedir a certificação da vitória de Biden, porque estava ocupada com a decoração da Casa Branca.

O argumento da ex-primeira-dama contradiz sua ex-assessora Stephanie Grisham, que revelou ter tentado fazer com que Melania divulgasse um comunicado pedindo que a rebelião parasse, mas que recebeu como resposta uma mensagem de texto negativa.

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A ex-primeira dama também acusa os líderes do movimento Black Lives Matter de terem uma "retórica incendiária", e ressalta que os protestos contra os abusos policiais com cunho racial "causaram uma destruição generalizada e danos a empresas e comunidades".

- Jaqueta polêmica -

O livro inclui diversas fotos que retratam a infância de Melania e sua vida com Donald Trump. A ex-primeira-dama menciona a polêmica envolvendo os atletas trans e diz que, embora apoie "totalmente a comunidade LGBTQIA+", acha que mulheres trans não deveriam participar de competições femininas.

Melania critica a atriz Rosie O'Donnell - que mantém uma inimizade com Trump desde antes de ele entrar para a política - por sugerir que seu filho com o ex-presidente, Barron, pode ser autista. Esse fato irritou a ex-primeira-dama e a levou a lutar contra o ciberbullying, uma iniciativa que defendeu sob o lema "Be Best".

Melania não cita os escândalos envolvendo Donald Trump, entre eles denúncias de agressão sexual. Após considerar que a experiência como imigrante lhe "abriu os olhos para as dificuldades enfrentadas por todos aqueles que desejam se tornar cidadãos americanos", ela cita a polêmica causada pela jaqueta com a mensagem "REALLY DON'T CARE, DO U? (Realmente não me importo, e você?)" que usou em uma viagem à fronteira sul para visitar crianças imigrantes.

A ex-primeira-dama afirma que a jaqueta não se referia às crianças, e sim "aos veículos de comunicação", e que seu objetivo era mostrar que não se preocupava com o que diziam sobre ela.

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© Agence France-Presse

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