Uruguai de Marcelo Bielsa vive um lento retrocesso

Um quarto jogo sem vitória nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026. Jejum de gols. Vaias dos torcedores em casa... O Uruguai de Marcelo Bielsa, que brilhou por sua ousadia e velocidade no ataque, vai declinando lentamente. 

Na terça-feira, a 'Celeste' voltou a sair de campo sem um triunfo em casa ao empatar em 0 a 0 com o Equador diante de um Estádio Centenário que deixou claro sua insatisfação, pela décima rodada das Eliminatórias. 

A seleção uruguaia voltou a decepcionar depois de perder por 1 a 0 para o Peru, em Lima, na semana passada, e empatar em 0 a 0 com Paraguai e Venezuela na rodada dupla da Fifa em setembro. 

O que aconteceu com a equipe comandada pelo técnico argentino, 'El Loco' com fama de estrategista que havia injetado uma nova energia após uma participação medíocre na Copa do Catar-2022 sob o comando do técnico Diego Alonso? Onde está o time que derrotou o Brasil por 2 a 0 em Montevidéu, há um ano, e obteve uma vitória retumbante por 2 a 0 fora de casa contra a campeã mundial Argentina, em novembro?

Com 16 pontos, o Uruguai segue em terceiro lugar na tabela do torneio classificatório para Copa do Mundo dos Estados Unidos, México e Canadá, ainda na zona das seis vagas que dão acesso direto ao torneio, mas com concorrentes cada vez mais próximos enquanto a liderança, que chegou a assumir no fim de 2023, mais distante.

Não é segredo que a 'Celeste' vive momentos difíceis desde a recente Copa América dos Estados Unidos, à qual chegou como uma das seleções favoritas e saiu com um amargo terceiro lugar. 

Nesse torneio, incidentes logo após a semifinal contra a Colômbia geraram suspensões de jogadores importantes: o atacante Darwin Núñez, o meio-campista Rodrigo Bentancur e os zagueiros Mathías Olivera, Ronald Araújo e Josema Giménez. 

Somam-se a isso os desfalques por lesão dos laterais Matías Viña e Joaquín Piquerez e dos meias Giorgian De Arrascaeta e Nicolás de la Cruz.

- "Muitas coisas para trabalhar" -

Além disso, um furacão abalou a 'Celeste' quando o maior artilheiro de sua história, Luis Suárez, deu declarações explosivas quase um mês depois de se aposentar da seleção, aos 37 anos. 

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No início de outubro, 'El Pistolero' criticou Bielsa, acusando-o de tratar mal jogadores e auxiliares e de dividir o elenco. 

As declarações do último integrante da geração de ouro que surgiu sob o comando do técnico Óscar Tabárez (2006-2021) - com quem o Uruguai terminou em quarto lugar na Copa do Mundo de 2010 na África do Sul e venceu a Copa América de 2011 na Argentina - foram endossadas pelos atuais líderes do elenco, como Federico Valverde. 

Bielsa descartou que as críticas afetem o rendimento da equipe. 

"Não ignoro a situação, mas para mim, se você me disser 'Eles não conseguiram jogar bem por causa dos episódios que tiveram que viver', minha resposta é não. Isso não influenciou", garantiu o treinador em entrevista coletiva na terça-feira. O argentino havia dito a mesma coisa depois da derrota para o Peru, embora tenha notado que sua autoridade havia ficado "um tanto afetada". 

Bielsa, que comandou a 'Celeste' em 21 partidas desde que assumiu a equipe, em maio de 2023 (10 vitórias, sete empates e quatro derrotas), usou as mesmas palavras de autocrítica.

"Quando um time tem jogadores melhores que o adversário e não vence, é preciso sempre observar quem maneja esse material e não consegue impô-lo", disse ele. 

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Contudo, sua continuidade no cargo não parece estar em jogo. 

"Estamos em terceiro lugar na tabela, se começarmos com essas especulações é porque estamos todos loucos", disse o presidente da Federação Uruguaia de Futebol (AUF), Ignacio Alonso, à Rádio Oriental, quando questionado na terça-feira sobre o futuro de Bielsa. 

Contra o Equador, o Uruguai mostrou intensidade ofensiva no primeiro tempo, com destaque para Federico Valverde e um chute na trave que poderia ter sido gol de Darwin Núñez, liberado provisoriamente para jogar enquanto avança o processo de recurso de sua sanção. Mas a equipe foi caindo de produção. 

"Não conseguimos o que vínhamos fazendo antes. Há muitas coisas a serem trabalhadas, coisas internas", declarou Nicolás De la Cruz, que entrou no segundo tempo e tentou dar maior dinamismo ao ataque. 

O Uruguai receberá a Colômbia no dia 15 de novembro e visitará o Brasil no dia 19, com o duplo desafio de voltar a marcar e provar a harmonia interna.

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© Agence France-Presse

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