'Não percamos tempo': começa na Colômbia a COP16 para proteção da biodiversidade

A 16ª edição da maior conferência mundial sobre proteção da natureza começou oficialmente nesta segunda-feira (21) em Cali, na Colômbia, onde 196 países se reúnem até 1º de novembro para chegar a um consenso sobre um calendário para a preservação da natureza até 2030. 

A reunião de duas semanas dos delegados dos Estados-membros do Convênio sobre Diversidade Biológica ocorre sob estritas medidas de segurança nesta cidade do sudoeste colombiano, em alerta máximo após ameaças de um grupo guerrilheiro. 

"Não nos distraiamos, o planeta não pode se dar ao luxo de que percamos tempo. Centremo-nos nas questões de fundo das negociações (...) teremos que entrar em um acordo para que essa COP seja bem-sucedida", expressou a ministra de Meio Ambiente da Colômbia, Susana Muhamad, durante a cerimônia de abertura da cúpula. 

Muhamad recebeu a presidência da cúpula e apresentou uma réplica da famosa escultura de Fernando Botero, "A Pomba da Paz", ao seu antecessor, o ministro chinês de Ecologia e Meio Ambiente, Huang Runqiu.

"Temos que cumprir com as promessas formuladas. Esse é o primeiro e não apenas em matéria de financiamento", antecipou a ministra colombiana. 

No domingo, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou às partes para que façam um "investimento significativo" no Fundo Marco Global para a Biodiversidade (GBFF), 

"Aqueles que lucram com a natureza devem contribuir para a sua proteção e restauração", disse Guterres em uma mensagem de vídeo transmitida aos delegados reunidos em Cali, uma cidade no sudoeste da Colômbia em alerta máximo após ameaças de um grupo guerrilheiro. 

O GBFF foi criado para ajudar os países a alcançar os objetivos do chamado Marco Global de Biodiversidade Kunming-Montreal, adotado na COP15 do Canadá em 2022, com 23 metas para "deter e reverter" a perda de biodiversidade até 2030.

Até agora, os países comprometeram-se a contribuir com cerca de 250 milhões de dólares (1,4 bilhão de reais na cotação atual) para o fundo, de acordo com as agências que supervisionam o processo. 

Continua após a publicidade

As contribuições fazem parte de um acordo mais amplo para os países mobilizarem pelo menos 200 bilhões de dólares (1,13 trilhão de reais na cotação atual) anuais até 2030 para a biodiversidade, incluindo 20 bilhões de dólares (113 bilhões de reais) anuais até 2025 procedentes de nações ricas para ajudar os países em desenvolvimento. 

- "Paz com a natureza" -

Cerca de 12 mil delegados de quase 200 países, incluindo uma dúzia de chefes de Estado e 140 ministros, chegarão para este evento que durará até 1º de novembro. 

Sob o lema "Paz com a natureza", a cúpula tem a tarefa urgente de conceber mecanismos de monitoramento e financiamento que garantam o cumprimento dos objetivos definidos pela ONU. 

No entanto, a maior facção dissidente da extinta guerrilha das Farc, o Estado-Maior Central (EMC), está em guerra contra o governo e pretende impedir o evento, em meio a um conflito armado interno de seis décadas que deixou mais de 9 milhões de vítimas. 

As tensões na região ocorrem uma semana depois que o presidente colombiano, o esquerdista Gustavo Petro, decidiu intervir junto ao Exército em um reduto do EMC conhecido como Micay Canyon, no departamento de Cauca (sudoeste). 

Continua após a publicidade

Quase 11 mil policiais e soldados colombianos, apoiados por pessoal de segurança da ONU e dos Estados Unidos, foram mobilizados em Cali.

- Contagem regressiva -

Os delegados têm muito trabalho pela frente, faltando apenas cinco anos para atingir a meta de proteger 30% das áreas terrestres e marinhas até 2030.

De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), que mantém uma lista vermelha de animais e plantas ameaçados, mais de um quarto das espécies avaliadas pela organização estão ameaçadas de extinção.

A Colômbia é um dos países com maior biodiversidade do mundo e Petro fez da proteção ambiental um grito de guerra.

Durante seu discurso de abertura no domingo, o presidente pediu que fossem gerados "novos modos de produção" e que se pensasse em "uma maneira diferente de conceber e experimentar a riqueza, que não seja mais baseada em combustíveis fósseis da morte, mas em energia limpa".

Continua após a publicidade

A COP16 é um desafio de segurança, mas também é uma chance de dar visibilidade internacional às políticas ambiciosas da primeira administração de esquerda do país: a transição energética e a importância das comunidades indígenas no cuidado com o planeta estarão na agenda dos anfitriões.

A Colômbia também abriga um grande número de povos indígenas, muitos deles vítimas de violência armada.

mlr-lab/vd/arm/aa/fp/dd/aa

© Agence France-Presse

Deixe seu comentário

Só para assinantes