Boulos diz que rejeição cresceu com mentiras e que enfrenta extrema direita
O candidato Guilherme Boulos (PSOL) afirmou nesta segunda-feira (21), em sabatina UOL/Folha, que sua rejeição nas intenções de voto — 56%, segundo a última pesquisa Datafolha — foi provocada por notícias falsas. Boulos diz que enfrenta um "projeto de direita e extrema direita" que mira as eleições presidenciais de 2026.
O que aconteceu
Boulos disse que a rejeição ao nome dele é causada por mentiras. Como exemplo, citou o caso de um eleitor de Guaianases, na zona leste, que teria afirmado que ficou sabendo, pelo WhatsApp, que o psolista "fabrica cocaína". No primeiro turno, Pablo Marçal (PRTB) chegou a divulgar um laudo falso para afirmar que Boulos era usuário da droga.
O candidato declarou que enfrenta o projeto de um grupo "de direita e extrema direita, ancorado em interesses econômicos". Segundo ele, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) é o "fantoche" desse grupo, que é representado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Segundo Boulos, Tarcísio "quer usar a cidade de São Paulo como trampolim" para uma candidatura presidencial em 2026. O candidato avalia que o projeto da extrema direita é lierado por setores que querem derrotar o presidente Lula (PT), em 2026, com um "bolsonarismo sem Bolsonaro".
Boulos participou de sabatina UOL/Folha nesta segunda-feira (21). Nunes também foi convidado, mas recusou. Na semana, o candidato do MDB também cancelou, de última hora, a participação em um debate entre ele e Boulos organizado pelo pool formado por UOL, Folha e RedeTV!.
O que eu enfrento hoje é o projeto de um grupo político de direita e extrema direita, ancorado em interesses econômicos. Quem é o líder desse projeto? Esse projeto está representado pelo governador Tarcísio, que quer usar a cidade de São Paulo como trampolim para viabilizar a candidatura presidencial dele em 2026
Guilherme Boulos (PSOL), em sabatina UOL/Folha
Falta de diálogo com a periferia
Boulos reconheceu que a esquerda não tem conseguido dialogar com a periferia nos últimos anos. Segundo ele, é preciso "construir uma proposta consistente" para os trabalhadores modernos e que o campo progressista não tem conseguido avançar nesse ponto.
O candidato citou uma "provocação" feita pelo rapper Mano Brown, em 2018. Na ocasião, o músico criticou o PT e outros partidos de esquerda por terem perdido o contato com a periferia e que era preciso "voltar para a base". Segundo Boulos, recuperar esse contato é necessário não apenas para ganhar eleições, mas para entender a "dinâmica da sociedade e das periferias hoje".
Aborto legal
Boulos prometeu restabelecer o aborto legal em São Paulo. Ele afirmou que, se eleito, reverterá a decisão de Nunes de interromper o serviço de interrupção da gravidez pelo hospital Vila Nova Cachoeirinha para os casos previstos em lei — gravidez em caso de estupro ou com risco à vida da mãe.
O candidato disse que fez uma promessa à mãe dele a respeito. A médica Maria Ivete Castro Boulos, mãe do candidato, coordena o núcleo de atendimento a mulheres vítimas de violência no Hospital das Clínicas, que é estadual. Em tom emocionado, Boulos disse que prometeu á mãe que, se for eleito, irá cumprir a lei, ou seja, restabelecer o serviço de aborto nos casos em que é permitido.
Eu cresci com minha mãe contando histórias de mulheres abusadas, de meninas abusadas (...). Eu prometi para ela que eu, como prefeito de São Paulo, vou cumprir a lei
Guilherme Boulos
'Milicianização' da política
Boulos disse que uma de suas "missões" na prefeitura, se eleito, será "barrar a milicianização da política". Ele havia sido questionado sobre como vai combater a infiltração do PCC (Primeiro Comando da Capital) em empresas de transporte e sobre as denúncias de que milícias formadas por guardas municipais extorquem moradores e comerciantes no centro.
O candidato prometeu "tirar o crime organizado da máquina pública". Sobre o uso de empresas de transporte para lavagem de dinheiro do crime organizado, Boulos declarou que "não tem rabo preso com eles, diferente do que parece com o atual prefeito". A respeito da Guarda Municipal, prometeu "desbaratar a miílica" e afirmou que "quem usa a farda pra cometer crimes, tem que ser responsabilizado".
Boulos poupou um vereador petista suspeito de elo com o PCC. Ele foi lembrado na sabatina que Senival Moura (PT) participou de sua carreata no último domingo (20). Presidente da Comissão de Trânsito na Câmara Municipal, o vereador foi citado pela Polícia Civil em apuração sobre o envolvimento da Transunião com Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, irmão de Marcola, líder do PCC. Os investigadores dizem que o vereador tinha 13 ônibus na Transunião, mas declarou só um e, por isso, o investiga por lavagem de dinheiro. O vereador afirmou ao colunista Josmar Jozino que é vítima e está à disposição da Justiça.
Boulos afirmou que não poderia condenar o petista por antecipação. "Eu não posso prejulgar uma pessoa que não foi indiciada e que não tem responsabilidade comprovada. Isso é ferir presunção de inocência", afirmou o deputado.
Em seguida, citou o adversário Milton Leite, presidente da Câmara Municipal, que também nega acusações de relação com outra empresa de ônibus e o PCC. "Eu, por exemplo, não citei aqui o nome do Milton Leite, que tem relação direta com a Transwolf, porque ele não está indiciado. Ele é um dos principais cabos eleitorais do meu adversário", afirmou em referência ao apoio de Leite à reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB). O vereador disse que não tem relação com empresários que atuam no sistema de transporte público de São Paulo, apesar de sua familiaridade com essa área.
Confrontado, o psolista disse que sua relação com Senival será "republicana", se for eleito no domingo (27). "Ele, ou qualquer outra pessoa, [se] for indiciada e for comprovada responsabilidade, pra mim, pau que bate em Chico, bate em Francisco", disse ele ao prometer "passar a limpo os contratos do transporte". "Eu não vou aceitar crime organizado dentro da Prefeitura de São Paulo, doa a quem doer."
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Quero receberAdesão de Lula à campanha
Boulos negou que Lula tenha participado pouco de sua campanha. O candidato disse que ele pode estar na cidade ao seu lado na reta final antes do segundo turno, após recuperação do acidente doméstico que sofreu no final de semana.
Segundo o psolista, sua campanha foi a que recebeu mais contribuições de Lula em todo o Brasil. "Que campanha o presidente Lula fez este ano? Ele foi agora para alguns estados, no máximo uma vez em cada um. O presidente Lula já esteve três vezes na minha campanha, fazendo cinco eventos diferentes", afirmou ao dizer que Lula "foi exemplar". "Estou extremamente grato e satisfeito com a participação e o compromisso [dele] com a nossa campanha."
Segundo o candidato, Lula "virá para São Paulo na reta final". Ele desejou uma "pronta recuperação do nosso presidente", lembrou que ele precisou "levar ponto na cabeça" e que está no Palácio da Alvorada descansando. "Eu tenho certeza de que ele se recuperando, eu falei com ele por telefone. Ele se recuperando, estando bem, virá para São Paulo na reta final", afirmou.
Promessa de denúncia contra Nunes
Boulos prometeu apresentar uma denúncia contra Nunes nesta semana. Segundo ele, essa denúncia será apresentada em peças na TV nessa semana e vão resumir "a anatomia dos esquemas" que teriam ocorrido na gestão do adversário.
Segundo o candidato do PSOL, as informações só serão divulgadas na TV porque é o meio de comunicação com maior alcance. "Nós decidimos usar o maior espaço que nós temos, que é a televisão, para apresentar essas denúncias", afirmou.
Candidato negou que ter adotado a mesma estratégia Marçal teve no 1º turno. "Não é uma emulação, não. A gente precisa dialogar com a sociedade. Às vezes se normaliza tanto um absurdo que, se você não chamar a atenção para ele, [fica esquecido]", afirmou Boulos.
O que eu estou falando sobre o Ricardo Nunes nos debates, nas sabatinas, são verdades. Não são mentiras. É uma estratégia diferente do Pablo Marçal. Por isso, vamos separar o joio do trigo, o que é a tática do Marçal e o que é a minha.
Guilherme Boulos
Quem emula estratégia é o candidato do MDB, afirmou Boulos. O candidato do PSOL acusou o adversário de reproduzir informações falsas que o Marçal usou no primeiro turno. Na véspera de 6 de outubro, o ex-coach publicou nas redes sociais um laudo médico falso associando Boulos ao consumo de drogas.
O Ricardo Nunes reforçou essas fake news. Ele chegou a perguntar em debates se eu tinha cheirado. Ele reforça essas fake news de uma maneira sorrateira, quando quer confundir as pessoas sobre a diferença que eu faço de traficante e usuário, dizendo que eu sou a favor de drogas de maneira geral.
Guilherme Boulos
*Participam desta cobertura: Ana Paula Bimbati, Caíque Alencar, Nathália Moreira (estagiária), Rafael Neves e Wanderley Preite Sobrinho, do UOL , em São Paulo.
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