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Pezão afirma que base na Alerj é forte: 'deputados vão saber se explicar'

Foto: ABr
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Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil

14/11/2017 16h22

O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), minimizou nesta terça-feira (14) o impacto da Operação Cadeia Velha na base de seu governo na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) e disse ter certeza de que os deputados que são alvos da operação "saberão se explicar".

"Nossa base é muito forte. Tenho certeza que os deputados vão saber se explicar. Já ocorreu outras vezes e eles se explicaram. Tem que se dar o direito de defesa a essas pessoas", disse o governador.

Na manhã de hoje, a Polícia Federal cumpriu mandados de condução coercitiva contra três parlamentares do PMDB na Alerj e prendeu donos de empresas de ônibus do Rio de Janeiro. Foram conduzidos à superintendência da PF o presidente da assembleia, Jorge Picciani; o ex-presidente da Alerj e ex-secretário de Pezão Paulo Melo; e Edson Albertassi, que foi indicado pelo governador para uma vaga no TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro).

Felipe Picciani, filho do presidente da Alerj, foi alvo de prisão temporária.

As investigações apuram o uso da presidência e outros postos da Alerj para a prática de corrupção, associação criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. A organização criminosa descrita nas investigações teria começado no governo de Sérgio Cabral (PMDB).

Ao falar sobre a operação deflagrada hoje, Pezão disse ainda que é preciso ter calma e esperar o julgamento sobre Albertassi para dizer se retira sua indicação ao tribunal de contas. "Eu indiquei o deputado Albertassi e não tinha nada que o desabonasse. Vamos esperar. Investigação não quer dizer que ele esteja condenado", disse.

Cúpula do transporte pagou R$ 58 mi a Picciani, diz MPF

Segundo o procurador, os deputados do PMDB recebiam uma "mesada" de diversas fontes para legislarem em favor dos empresários. A investigação aponta que os parlamentares concederam benefícios fiscais e aprovaram atos de ofício com o intuito de defender interesses privados.

Entre 2010 e 2015, de acordo com as investigações, somados os pagamentos mensais, somente Picciani teria recebido cerca de R$ 58,4 milhões em propina das empresas de ônibus.

Já Paulo Melo teria sido beneficiado, afirmam a Polícia Federal e os procuradores da República da força-tarefa da Lava Jato, com R$ 54,3 milhões.

Albertassi, por sua vez, recebia uma mesada menor, pois não teria a mesma relevância política dos colegas, que possuem longa carreira na vida pública --ambos já estiveram à frente da Presidência do Parlamento.

Na versão do MPF, a indicação de Albertassi para o conselho no Tribunal de Contas Estadual pode ter sido uma "manobra" para evitar o avanço das investigações --a indicação por Pezão foi aprovada na semana passada por uma comissão da Alerj e seria levada a plenário nesta terça, mas a votação foi suspensa.

Para o delegado da Polícia Federal Alexandre Ramagem Rodrigues, que conduziu as investigações, os deputados do PMDB formavam uma "tropa de choque" em favor dos empresários ligados à Fetranspor (Federação de Empresas de Transporte Rodoviário do Estado do RJ).

Outro lado

Em nota, Picciani afirmou que acusações contra ele e sua família são falsas.

"Em toda a minha carreira jamais recebi qualquer vantagem em troca de favores. A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro não atua a serviço de grupos de interesse, não interfere em aumento de tarifas (que é autorizado pela Agetransp) e não votou isenção de IPVA para ônibus, porque isso foi feito por decreto pelo ex-governador (decreto 44.568 de 17/01/2014), quando eu nem sequer tinha mandato", afirmou.

Segundo o peemedebista, a prisão do filho é "uma covardia" com objetivo de atingi-lo. "Felipe é um zootecnista, bom pai, bom filho, bom amigo, que trabalha de sol a sol e não tem atuação política. Todos que o conhecem o respeitam e sabem do seu caráter e correção", afirmou.

Picciani disse ainda que a indicação de Albertassi para o TCE foi feita pelo governador Pezão e que determinou sua suspensão por decisão da Justiça.

O deputado Paulo Melo (PMDB-RJ) disse estar à disposição da Justiça e pronto para contribuir com as investigações. "Não tenho nada a esconder. Minha vida política sempre foi muito clara, todas as contribuições recebidas foram legais e declaradas na justiça eleitoral", afirmou, em nota.

O deputado Edson Albertassi ainda não se pronunciou sobre as acusações. De acordo com o assessor de imprensa do parlamentar, uma nota será enviada no decorrer do dia.

A Alerj informou apenas que, por decisão de Jorge Picciani, a votação da indicação de Albertassi para vaga de conselheiro no TCE-RJ foi suspensa. A Casa não se manifestou quanto às acusações contra os parlamentares.

O PMDB do Rio de Janeiro disse que não vai se manifestar sobre as acusações da Operação Cadeia Velha.