Nicarágua vive luto na comemoração do Dia das Mães
A Nicarágua comemorou o Dia das Mães, nesta quarta-feira (30), dividida e de luto. Milhares de manifestantes foram às ruas para pedir a renúncia do presidente Daniel Ortega, cujo governo responsabilizam pela repressão que resultou na morte de, pelo menos, 80 pessoas - entre elas, muitos jovens estudantes universitários. O país comemora a data nos dias 30 de maio desde a ditadura de Anastasio Somoza. Os distúrbios - os mais violentos desde o fim da guerra civil, em 1990 - começaram em meados de abril, com manifestações contra uma reforma da Previdência, que o governo acabou revogando. Mas, diante da violenta reação das forças de segurança e de grupos paramilitares, todos simpatizantes do governo, se transformaram em um movimento nacional que - com o apoio da Igreja Católica - exige a antecipação de eleições presidenciais.
A marcha foi convocada pelas Mães de Abril, uma organização que pede justiça pelos filhos mortos nas manifestações, que começaram no dia 18 de abril. Milhares entoavam os nomes dos mortos, gritando "presente". Os estudantes denunciaram que, pelo menos, oito pessoas foram feridas, em confrontos com as forças de segurança hoje. O governo realizou seu próprio ato em homenagem às mães, pedindo o fim da violência e denunciando agressões a seus simpatizantes. "O ódio está tentando destruir um país, que vivia em paz e era admirado no mundo pela sua capacidade de reconciliação", disse Ortega. "Nicarágua viveu praticamente em luto desde os anos de 1960 até 1990, quando conseguimos o acordo de paz". Ortega se referia à Revolução Sandinista que ele liderou, em 1979, contra décadas de ditadura da família Somoza. Mas o ex-guerrilheiro de esquerda está sendo acusado pelos opositores, e também por seus ex-aliados, de querer instalar na Nicarágua uma dinastia politica parecida com aquela que ele tanto combateu. Em 2016, Ortega foi reeleito para um terceiro mandato presidencial consecutivo - desta vez com a mulher, Rosário Murtillo, como vice-presidente.
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