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Laudo aponta que estudante morto na Colômbia foi ferido por policial

Estudante segura um cartaz com a foto de Dilan Cruz, jovem morto por um tiro durante manifestação em Bogotá - Raul Arboleda/AFP
Estudante segura um cartaz com a foto de Dilan Cruz, jovem morto por um tiro durante manifestação em Bogotá Imagem: Raul Arboleda/AFP

29/11/2019 10h57

Dilan Cruz, estudante colombiano de 18 anos, se tornou símbolo dos protestos no país. Ele faleceu na última segunda-feira (25), após passar 3 dias internado. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) da Colômbia mostrou que ele foi ferido por munição do tipo "bean bag" (saquinho de feijão), uma bolsa de tecido resistente com bolinhas de chumbo.

Apesar de o ministro da Defesa colombiano, Carlos Holmes Trujillo, ter se pronunciado, explicando que esse tipo de munição é permitido no país, o agente do Esquadrão Móvil Antidistúrbios (Esmad) que atirou na cabeça do jovem foi afastado do cargo. Sua identidade não foi divulgada.

O país tem protocolos sobre a distância e o ângulo dos disparos para não colocar em risco a vida das pessoas. É proibido, por exemplo, atirar a menos de 40 metros de distância e mirar na cabeça.

O estudante morreu em consequência das lesões cerebrais que sofreu, no último sábado (23), durante as marchas no centro de Bogotá, de acordo com comunicado do Hospital Universitário San Ignacio, onde ficou internado.

O Instituto de Medicina Legal confirmou que a morte de Cruz foi do tipo "violenta - homicídio". "A morte do jovem é consequência de um trauma craniocerebral penetrante causado por munição disparada por uma arma de fogo, que causa danos graves e irreversíveis ao cérebro", disse a diretora do IML, Claudia Adriana García Fino.

No estudo balístico realizado pelo instituto, foi encontrada "munição de impacto, do tipo 'saco de feijão', disparado por arma de fogo, tipo espingarda, calibre 12".

De acordo com o Ministério da Defesa, esse projétil é uma munição de uso regular das Forças do Esmad, "nas tarefas de controlar multidões, gerar obediência e dissuadir o infrator". A bolsa é feita de kevlar, o mesmo material dos coletes à prova de balas; é um material de alta resistência e somente rompendo as fibras do tecido os pequenos projéteis poderiam ser liberados.

O ministro Trujillo disse que a munição tipo 'saco de feijão" é um armamento não letal aprovado pelas Nações Unidas para ser usado por esquadrões de choque. Ele também disse que a arma usada para disparar o projétil, uma espingarda calibre 12, é classificada internacionalmente como uma arma não letal, adequada para esquadrões de choque em caso de distúrbios. Trujillo afirmou que em nenhum momento foram usadas armas não regulares nos eventos que causaram a morte do jovem de 18 anos.

Human Rights Watch

A Human Rights Watch, organização internacional de defesa dos direitos humanos, publicou na última terça-feira, dia 26, um informe dizendo ser necessária uma reforma da força policial colombiana após esses protestos. "A polícia também espancou brutalmente manifestantes, atirou com munições chamadas "bean bag" (pequenas balas de chumbo dentro de uma bolsa de tecido), disparou cartuchos de gás lacrimogêneo e atropelou pessoas com veículos ou motocicletas oficiais", diz o informe.

A Human Rights Watch afirma ter evidências consistentes de que a polícia usou força excessiva para responder aos protestos, ferindo milhares de pessoas, estivessem elas envolvidas em ações violentas ou não."Os serviços de emergência do país trataram 11.564 pessoas feridas durante as manifestações de 18 de outubro a 22 de novembro, disse o Ministério da Saúde à Human Rights Watch. Desses, mais de 1.100 tiveram lesões moderadas ou graves", diz o texto.